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Arejamento Intelectual – Nestor Gomes (1920-1924)

Escudo do Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo

Toda vez em que o progresso sacode uma cidade, há um ressurgimento de cultura. É o anseio latente do povo para se libertar do complexo de inferioridade.

O Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo, fundado em 12 de junho de 1916, em homenagem ao herói Domingos Martins, mártir capixaba da revolução pernambucana, abre suas portas ao ingresso de uma plêiade de homens, para aferir-lhes o amor à grandeza moral e material do Estado.

A diretoria é dinâmica e compenetrada. Compõe-se dos senhores Arquimino Martins de Matos, presidente, Araújo Primo, vice, José Batalha, segundo vice, Elias Tommazzi, terceiro vice, Aristóteles Silva Santos, secretário, Adolfo Fraga, segundo secretário, Francisco Silva Rufino, tesoureiro, Alarico de Freitas, orador. Sezefredo Garcia de Resende funda a "Vida Capixaba", transferindo-a, logo depois a Elpídio Pimentel e Manoel Lopes Pimenta, infelizmente desaparecida, depois de trinta e cinco anos de circulação. Revista quinzenal, depois mensal, literária e noticiosa, onde, a mocidade externava sua incontestável vocação para as letras. Mario Freire publicou, em vários números, segredos, da história espírito-santense.

A nova roupagem da cidade propicia aos intelectuais a abertura de janelas amplas, onde estendem ao sol suas idéias enobrecidas pelo estudo e pensamento. Cria-se a Academia Espírito-santense de Letras!

Não é movimento regionalista, bitolado pelo nativismo. É uma casa modesta, mas acolhedora de valores. Seu primeiro Presidente é o Bispo D. Benedito Alves de Souza, filho de São Paulo, que veio ilustrar a Diocese na vacância do pranteado D. Fernando de Souza Monteiro. O progresso material de um Estado se reflete sempre na cultura e tendências do povo. Este desenhará a curva definidora da época vivida. Consulte-se a história e a superposição gráfica dos fatos identificará os fenômenos da mesma amplitude.

Nestor Gomes, como os demais homens públicos, foi arrastado ao pelourinho das acusações. Foi esquecido por todos os políticos e pela maioria dos amigos. Certa vez, em 1934, passava eu em ltabapoana, à tarde, e lembrei-me que o ex-presidente ali residia. Fui visitá-lo. A casa modesta, quase encoberta pela capoeira, tinha aspecto de abandono. Bati-lhe à porta. Uma velha modestíssima atendeu-me de candieiro à mão. Era noite. Nestor recebeu-me à mesa. A parcimônia beirava os limites da miséria.

Em 1941 ou 42, em Belo Horizonte, recolheu-se a um hospital de caridade. O então capitão Punaro Bley, Interventor do Estado, tomando conhecimento do fato, fê-lo internar em Casa de Saúde, onde faleceu resignadamente. Soube sofrer com grandeza de espírito.

 

Fonte: Biografia de uma Ilha, 1965
Autor: Luiz Serafim Derenzi
Compilação: Walter de Aguiar Filho, dezembro/2016

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