Morro do Moreno: Desde 1535
Site: Divulgando desde 2000 a Cultura e História Capixaba

As Associações ou fac et spera – Por Fernando Achiamé

Lions Clubs International logo

Ano passado, pesquisando na Biblioteca Central da Ufes, encontrei, dentro de um exemplar de monografia para bacharelado apresentada no curso de História, seis folhas datilografadas com anotações manuscritas a caneta vermelha sobre associações de Vitória, inclusive com indicações para tudo de muitos dos seus estatutos. Os nomes da monografia e do seu autor não interessam aqui, já que as anotações (em parte reproduzidas abaixo) não possuem, com toda certeza um vínculo direto com o referido ensaio monográfico. Ditas anotações serão o esboço de uma outra pesquisa? Rascunho de trabalho acadêmico de um colega do autor da monografia comentadas por professor-orientador comum e esquecidas dentro do exemplar, entregue depois à biblioteca? Um projeto de dissertação que ficou pelo caminho?

"Coloca-se em discussão se estas entidades podem ser consideradas como integrantes de movimentos sociais em Vitória. A resposta é positiva, a priori. Apesar do pequeno número de associados ou interessados o seu peso na sociedade local enquanto elite econômica ou cultural foi e é muito grande. Tais associações repercutem na comunidade seus ideais estatutários e, em alguns casos, influenciam o conjunto da organização social, pelo menos a camada rotulada de classe média. Na Bíblia existe a conclamação para que 'Não sejais nem muito ricos nem muito pobres' — capítulo tal, versículo tal — foi este Livro escrito pela classe média de então, se assim podemos falar, ou é sabedoria mesmo? (...)

A dificuldade de classificar a inserção de alguns movimentos sociais na vida da cidade. (...)

O Instituto Brasil-Estados Unidos de Vitória — bem — a moda de teenagers irem para os States e voltarem ditando novos usos e costumes. (...) massa boa para modelar. (...)

O Fotoclube do Espírito Santo — Magid Saade — Francisco Quintas Júnior.

• A Sociedade Filatélica do Espírito Santo — em certa época incentivada por mister Charles Ekker, cônsul americano em Vitória e que fez a guerra da Coréia. (...)

• A Sociedade de Cultura Artística de Vitória — SCAV — D. Edith Bulhões trouxe até nós (ainda em boa forma) a mímica de Marcel Marceau, o balé de Tatiana Lescova, orquestras tocando o Concerto N° 1 para Piano e Orquestra de Rachmaninoff ou Tchaikovsky (ver nos jornais e em programas da época) com ela ao piano e, mais recentemente, a Banda da Polícia Militar executando a Fantasia Triunfal sobre o Hino Nacional Brasileiro de Louis Moreau Gottschalk também com ela ao piano. (...)

• A Academia Espírito-santense de Letras — AESL — (...) Uma de suas cadeiras tem como patrono o poeta Moacyr de Moraes, cachoeirense que morreu no Pará aos 33 anos de febre maligna. Quereis ser esquecidos ou vilipendiados? Entrai para a Academia. (...) Contava-se entre os latinistas de Vitória o seguinte caso: quando era pronunciada em latim a divisa jesuítica Fac et Spera (Trabalha e Confia) os alunos gozadores ou pessoas o traduziam como ‘a faca te espera'. (...)

• O Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo - IHGES — fundado em 1916 não é a mais antiga associação cultural atuante em Vitória, primazia que cabe à Santa de Misericórdia (fundada em 1545). Fazer caridade também é cultura. Aceitam-se protestos, réplicas e tréplicas. O IHGES foi fundado sob a égide do culto a Domingos José Martins. (...) Devem ser registradas brincadeiras como esta: ao ser arcabuzado (morto por arcabuz, espingarda de boca grande) em Salvador o herói descobre o peito e grita: 'Ide dizer ao vosso sultão que morro pela liber...' (descarga da arma). Nunca se soube direito se o que ele queria dizer era 'morro pela liberdade' ou 'morro pela Libertina', uma amante sua. O nome do herói batizando um município que não tem nada a ver com ele (por que a fabricação do herói naquele começo de república?). Nas armas do Estado a data de 23.05.1535 (colonização do solo espírito-santense) foi mantida mas a de 02.05.1892 (segunda constituição estadual, de uma série) foi trocada para 12.07.1817 (data do arcabuzamento, mais estável que as constituições estaduais).

• A Associação Espírito-santense de Imprensa — AEI — de grandes e profícuas lutas em benefício da imprensa e sua liberdade, pressuposto de uma imprensa digna deste nome. Se para muitos o paraíso é feito de jornal (`chato é morrer, não por nada não, é porque no dia seguinte não vou poder ler jornal') o paraíso do jornal capixaba é a AEI. (...)

• O Rotary Club — almoços, festas, reuniões, parte da história do colunismo social em Vitória, as campanhas contra a poliomielite (verbi gratia) somando as vontades das pessoas, não só ensinando como dançar ou vestir uma roupa de baile ou comer galinha com garfo e faca sem segurar o osso, mas sobretudo 'Dar de si sem pensar em si' (observação: esta frase entre aspas constava da anotação manuscrita em vermelho). Estranhas certas denominações: Rotary Club de Vitória-Oeste. Pesquisar se os americanos incentivaram sua proliferação para se sentir em casa no mundo e no Espírito Santo. 'O regime nazista proibiu o Rotary' (idem da observação acima). Contar histórias e histórias: quem foi o primeiro rotariano de Vitória? (...) Quais eram os rotarianos a latere? (...)

• O Lions e as domadoras. 'Está para o Rotary como a Pepsi para a Coca-Cola' (idem da observação acima). (...)"

 

Escritos de Vitória – Uma publicação da Secretaria de Cultura e Turismo da Prefeitura Municipal de Vitória-ES, 1996
Prefeito Municipal: Paulo Hartung
Secretária Municipal de Cultura e Turismo: Silvia Helena Selvátici
Sub-secretário Municipal de Cultura e Turismo: Rômulo Musiello Filho
Diretor do Departamento de Cultura: Rogério Borges de Oliveira
Diretoria do Departamento de Turismo: Rosemary Bebber Grigatto
Chefe da Biblioteca Adelpho Poli Monjardim: Lígia Maria Mello Nagato
Bibliotecárias: Elizete Terezinha Caser Rocha
Lourdes Badke Ferreira
Conselho Editorial: Álvaro José Silva, José Valporto Tatagiba, Maria Helena Hees Alves, Renato Pacheco
Revisão: Reinaldo Santos Neves, Miguel Marvilla
Capa: Vitória Propaganda
Editoração Eletrônica: Edson Maltez Heringer
Impressão: Gráfica e Encadernadora Sodré

 

Fonte: Escritos de Vitória, nº 16 Movimentos Sociais, Secretaria Municipal de Cultura e Turismo – PMV, 1996
Texto: Fernando Achiamé
Compilação: Walter de Aguiar Filho, agosto/2018

Escritores Capixabas

KÁTIA BOBBIO

KÁTIA BOBBIO

A Casa da Memória e a Secretaria de Cultura de Vila Velha, de 26 de abril a 23 de maio de 2011, convidam para o  lançamento dos cordéis "O Convento da Penha", "O Rei Roberto Carlos", "Vila Velha ES " e Exposição de Pinturas "O Espírito Santo na Festa da Penha". Abra o convite para mais informações e vamos prestigiar a conceituada artista capixaba.

Pesquisa

Facebook

Leia Mais

A sede da academia: Legado do acadêmico Kosciuszko Barbosa Leão

Decidi doar minha casa à nossa Academia de Letras, porque já lhe havia doado o coração

Ver Artigo
Histórias Capixabas de Francisco Aurélio Ribeiro - Por Getúlio Marcos Pereira Neves

Livro do professor Francisco Aurélio Ribeiro, presidente da AEL e especialista em literatura infanto-juvenil: Histórias Capixabas

Ver Artigo
A Revista da Academia Espírito-santense de Letras

Na totalidade, houve a participação de 189 escritores, com 471 textos

Ver Artigo
A Literatura do Espírito Santo na Década de 1920 e a Presença de Maria Antonieta Tatagiba

Obra realizada por Karina de Rezende Tavares Fleury, em “Alma de Flor. Maria Antonieta Tatagiba: vida e obra”, em 2007 

Ver Artigo
Publicações capixabas coletivas - Por Pedro J. Nunes

A Torta capixaba teria um segundo número, com o título Torta capixaba II: poesia e prosa, organizada por Renato Pacheco

Ver Artigo