Morro do Moreno: Desde 1535
Site: Divulgando desde 2000 a Cultura e História Capixaba

Capixabês

Jair Santos

O escritor Jair Santos, em seu conto "O maná do céu e a praga de Jocelina", história que se passa na curva de Itapuã, catalogou algumas preciosidades da linguagem capixaba, em especial, os termos do homem do mar. Confira alguns:

A maré riscou - Repontou; deixou o delineamento ou marca do ponto máximo ou mínimo das marés.
A água corre dura – Forma de referir-se à corrente marítima contínua numa mesma direção.
Correr liso - Linguagem local referida ao barco que desliza facilmente sobre o mar. 
Pegar rumo - Fugir; sair; ir embora na linguagem do povo local.
Pesca de caniço - Pescaria parada, com vara, linha e anzol, feita da pedra, da praia ou de qualquer lugar fixo.
Pesca de currico - Pescaria feita de barco em movimento, empregando vara, linha e anzol ou só linha e anzol.
Vento duro - Ventania constante na mesma direção. Vento forte, contínuo e sem rajadas. Referência idêntica à de água dura, acima citada.
Atravessador - Aquele que compra do pequeno produtor e revende com lucro.
Canjerê - Reunião de pessoas, em geral negros, para a prática de feitiçarias; candomblé.
Choça - Choupana; cabana; rancho. 
Cutuba - Bom; inteligente; preparado.
Fazimento - Ato de fazer repetidamente; fazer até aprender.
Garatéia - Anzóis atados na mesma linha de pesca.
Lonjura - Grande distância; longitude. 
Mangangá - Enorme; muito grande.
Mariscador - Aquele que é entendido em caçada ou em pescaria.
Mamado - Desiludido; embriagado; drogado.
Mondonga - Mulher imunda e desmazelada.
Muchá ou muxá - Bolo feito de milho triturado (cangiquinha) e cozido na água com sal para ser comido com café. 
Muxibenta - Cheia de pelancas 
Piquira - Miúdo; pequeno.
Piroga - Embarcação comprida, estreita e veloz, usada por índios.
Pocar - Quebrar, rasgar, estourar, não resistir a um esforço.
Setentrião - O vento norte.
Tiquinho - Tico; pedacinho de qualquer coisa.
Tremelicar - Tremer com freqüência; tiritar.
Vetusto - Muito velho; antigo; respeitável pela idade.

Confira um trecho do conto de Jair Santos:

" Narrativa sobre a pesca da manjuba, vivida por volta de 1940 no Pontal de Itapuã, em Vila Velha, ES. Os personagens são reais e alguns deles ainda estão vivos.

No horizonte o alvor diáfano de mais um lindo dia. A faina dos homens de rede começa antes do arrebol. É muito bonito o alvorecer no litoral capixaba. Itaparica, Praia da Costa, Ponta de Itapuã, Barra de Jucu, Ponta da Fruta... Na alegria de viver, a certeza da harmonia do homem com a natureza engalanada. Tudo está perfeito e o otimismo marca o semblante dos que vêm chegando. O céu vai ficando cada vez mais azul. É tempo de monções, a brisa sopra forte, vindo do nordeste. Vento duro... é o setentrião da saúde: marca característica do clima no nosso litoral. Na estação quente o litoral do Espírito Santo é diariamente visitado por sucessivos cardumes de manjuba. É tempo de peixe farto e muito conhecido de todas as vilas e povoados de pescadores.

Lá fora, no sobe e desce das ondas, os pescadores da barra lançam garatéias desde o escuro da madrugada que findou. O silêncio é quebrado pelo incessante marulhar sobre o baixio distante e pelos pios das gaivotas e das andorinhas do mar.

Nos barracões, homens fortes, de pele acobreada e luzente, dão começo à faina diária. Em aparente desorganização, retiram do barracão a canoa e a rede que devem ficar expostas ao sol, ao vento e também para abrir um pouco de espaço no seu interior. Essas cabanas são os abrigos necessários para a guarda de todos os apetrechos de cada grupo que se dedica à pesca de rede e são construídos na parte mais alta da linha da praia.

A conversa vai ficando animada ..."

 

Fonte: O maná do céu e a praga da Jocelina, 
Narrativa sobre a pesca da manjuba, vivida por volta de 1940 no Pontal de Itapuã, em Vila Velha,   ES.    Os personagens são reais e alguns deles ainda estão vivos. 
Autor: Jair Santos

 

Clique aqui para ver o conto completo.

Matérias Especiais

Cantando de galo

Cantando de galo

Ainda no tempo em que briga de galo era uma atividade lícita, Cachoeiro de Itapemirim inaugurou sua arena pelas maõs do próprio prefeito de então, Brício Mesquita. Assim, no dia 5 de setembro de 1934, os cachoeirenses passaram, literalmente, a cantar de galo

Pesquisa

Facebook

Leia Mais

Festejos de Natal: Reis

O Reis foi introduzido em Vila Velha pelo Padre Antunes de Sequeira. Filho de Vitória, onde nascera a 3 de fevereiro de 1832

Ver Artigo
Recordações do Arraiá

Festa antonina (Santo Antônio) realizada no dia 13 de junho de 1937, em Aribiri (Vila Velha), na chácara onde residia o Dr. Armando Azevedo, aqui nos versos tratado como "cumpade".

Ver Artigo
Todos na Festa Junina!

Confira a transcrição de matéria publicada no jornal A Gazeta em 27 de junho de 1961, sobre a festa do dia 17 de junho de 1961: Festa Junina no Ginásio "São José"

Ver Artigo
A Polícia Militar na Historiografia Capixaba - Por Gabriel Bittencourt

A Policia Militar jamais suscitou tanta evidência, seja na imprensa ou no seio da comunidade cultural, como neste ano em que comemora 150 anos de existência

Ver Artigo
A Consolidação do Processo da Independência no ES

O Norte da Província: uma região estratégica

Ver Artigo