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Do Espírito Santo para o mundo

Imagem mostra trem com autoridades passando pelo viaduto do morro do Atalaia, em Vila Velha, no ano de 1942 - Fonte: Mazzei/Arquivo Público

Quem aprecia criticamente temas históricos costuma vincular-se com maior consciência ao presente e ao futuro. Porque toda história se constrói com a vida, e permanece por gerar mais vida. Existe um monumento que pertence aos capixabas e se encontra abandonado — o Cais de Minério, em Paul, Vila Velha. As pessoas, sobretudo as mais jovens, não têm culpa por desconhecerem a importância dessa obra de engenharia para a compreensão do nosso passado. É preciso que a história lhes seja contada, mesmo resumidamente. A construção teve início em 1941, financiada pela arrecadação do Estado, capitais estrangeiros e verbas federais. O Cais atendia aos interesses da Inglaterra e dos EUA por grandes quantidades de minério de ferro com alto teor para a indústria pesada e de armamentos. A conjuntura anormal motivada pela Segunda Guerra assegurou o escoamento pelo Espírito Santo das riquezas existentes nas jazidas mineiras, realizando velho sonho capixaba.

O Cais de Minério guarda muitas histórias, a começar pelas designações que possui. Alguns o chamam Cais do Atalaia, seus silos erguidos com orientação de engenheiros americanos na encosta íngreme do morro desse nome. Outrora dali se observavam, à longa distância no mar as embarcações que demandavam o porto de Vitória. E, por meio de bandeiras semafóricas hasteadas em grande mastro, todos na cidade sabiam de antemão as características principais dos navios que chegariam, num tempo de comunicações precárias. Já a denominação de Cais do Pela Macaco, preconceituosa na origem, homenageia agora os operários que o construíram — negros em sua maioria, alguns vindos de Barbados. Sofreram intolerâncias e condições desumanas no serviço, debaixo de sol abrasador e em contato direto com o rochedo, para lançarem as fundações da obra e depois nela trabalharem. Também é referido como Cais "Eumenes Guimarães", nome oficial, em memória desse engenheiro.

A cidade de Vitória dormia e acordava com o barulho do minério escoando para dentro dos navios. De vez em quando havia um foguetório — a meta de exportação fora alcançada. E assim milhões e milhões de toneladas de hematita passaram pelo terminal especializado em direção a muitos países. Quantas famílias capixabas dependeram direta ou indiretamente daquele Cais para sua sobrevivência? Depois de inaugurado o Porto de Tubarão, em 1966, o embarcadouro em Vila Velha ainda operou por alguns anos.

 

Fonte: Jornal A Gazeta, História, 31/01/2015
Autor: Fernando Achiamé

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