Dondom

Dondom em vida, recordava-nos seu feito grandioso.
Transportemo-nos, em pensamento, ao remoto 1887,quando a Cidade de Vitória repontava aos ádvenas, como delicado presepe, circundado de vigorosa e bela vegetação, ainda imune da fúria criminosa da dendroclastia: quando o mar penetrava, pela vala da atual Avenida da República, e inundava o Campinho, emoldurado pela virência das montanhas. Quando as casas da Rua General Osório tinham seus quintais amplos, atingindo o mar, conforme anúncio inserto em A Província do Espírito Santo. (Sim, porque o mar entrava, pela Rua da Vala.)
Foi a 25 de novembro de 1887. Enquanto a cidade comentava artigos concernentes aos primeiros acenos para a República, emocionados, os vitorienses correram ao Cais de São Francisco, onde, no preamar, se amarravam algumas canoas dos pescadores da Lapa. Estava, ali, carregada, uma prancha, com telhas, cal, tijolos e outros materiais de construção. Constituía o lugar verdadeiro paraíso das crianças onde tomavam banhos deliciosos. Atiravam-se, das canoas e da prancha, ao lago sereno do Campinho.
Havia um açougue, o melhor da cidade, situado junto a uma casa, na Rua General Osório, esquina da Ladeira do Egito. Pertencia a João Carvalho de Abreu, bisavô de uma menina de cinco anos, - Dondom, a heroína desta narrativa.
Brincavam diversas crianças, no quintal do velho Abreu, quando um garoto de três anos, Martinho, filho do Sr. Libânio Lírio, rolou no barranco, até o lago! Rápido, porém, Dondom corre, para socorrê-lo, enquanto, imóveis, atônitas, as outras crianças quedaram-se indecisas.
O pequeno submerge, ao passo que a menina debruça-se, no cais, e, com agilidade, consegue segurar um dos bracinhos do companheiro de infância, quando, por felicidade, vem à tona. Então, alguém toma, nos braços, o quase afogado. Dondom cai desfalecida!
E o povo corre, para ver o “Anjo Salvador”.
Foi a menina chamada ao Palácio do Governo, para relatar o ocorrido, cuja notícia chegou ao conhecimento de S. M. o Imperador Pedro II, que pediu o retrato da heroína e lhe premiou o valor, concedendo-lhe uma pensão vitalícia, porque os parentes se opuseram à educação na Europa. Dondom, porém, não gozou desse prêmio, porque faltara, no Espírito Santo, providências oficiais, para o respectivo processo.
Dondom, Ornálcia Peixoto da Silva, casou-se, a 29 de julho de 1911, no Rio de Janeiro, com o cirurgião-dentista Celino da Silva Leitão. Era filha do comerciante Elias José Gregório da Silva e Da. Áurea Peixoto da Silva.
Contava-nos Dondom que foi muito visitada. O Caboclo Bernardo veio, do Rio Doce, especialmente para conhecê-la, tão pequena e tão corajosa. Dois anos, após o fato, viajou a São Mateus, onde lhe prestaram festiva recepção.
E, agora, pensamos, com tristeza, no olvido em que, no Espírito Santo, permanecem passagens desse valor... Nada, em Vitória, nos recorda uma Catarina de Oliveira Neto, uma Dondom!
- Por que não temos um Jardim de Infância, com o nome de Dondom? Ou, melhor, por que não se proclama a pequenina Dondom titular das crianças espírito-santenses, colocando o seu retratinho, nos Jardins de Infância?
Existisse, naquele tempo, iniciativas como o programa “Honra ao Mérito”, certamente a medalha de ouro teria brilhado, no peito dessas heroínas: Dondom e Catarina.
Fonte: A Mulher na História do Espírito Santo (História e Folclore), 1999
Autora: Maria Stella de Novaes
Compilação: Walter de Aguiar Filho, abril/2012
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