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Eliezer Batista - VALE (Tradução para o inglês)

Eliezer Batista - Foto: Acervo Museu Vale/ES

Eliezer Batista, não pode ser visto de forma simplista, acima de todos os adjetivos controversos sobre sua personalidade - empreendedor, visionário, pragmático, teórico, lugares comuns de sua trajetória de sucesso. Porém, uma coisa é certa. Eliezer Batista é um homem à frente de seu tempo.

Mineiro da cidade de Nova Era, Eliezer fez parte de um seleto grupo de pessoas que pode alcançar os estudos, num início de século XX, onde tudo está por se fazer no Brasil, época nada propícia a esse tipo de formação, ainda mais para quem nasceu numa cidade praticamente isolada.

Diplomado pela Escola de Engenharia da Universidade do Paraná em 1948, iniciou suas atividades na Companhia Vale do Rio Doce no ano seguinte, ainda quando a empresa começava seu processo de estruturação. Foi trabalhar no Departamento de Construção da Estrada de Ferro Vitória a Minas.

Eliezer fez parte do grupo de engenheiros que recebeu incentivo da empresa para se capacitar nos Estados Unidos em engenharia ferroviária. O engenheiro e a empresa cresceram juntos. Assumiu o cargo de chefe do Departamento da Via Permanente (1951), Assistente de Engenharia (1957) e superintendente da Vitória à Minas (1959). Pela primeira vez, um funcionário de carreira assume o cargo de presidente da empresa, fato que ocorreu em 1961, aos 36 anos de idade, gestão que mudaria significativamente a história da Vale. Junto à presidência, acumulou a função de Ministro das Minas e Energia do governo de João Goulart, 1962/4.

Dona Jutta Batista, sua esposa, dizia que Eliezer tinha uma amante, que a chamava de "princesinha", a Vale do Rio Doce. Os anos 60 foram o período no qual a empresa alcançou crescimento substancial, atingindo o mercado externo e passou a pertencer ao ranking das maiores mineradoras do mundo. O Porto de Tubarão também nasceu na sua gestão, o que permitiu uma revolução na navegação mundial.

Por conversar em Russo com o presidente Tito, da ex-Iugoslávia, comercializando minério foi perseguido pelo Regime Militar e afastado da empresa, assumindo a presidência das Minerações Brasileiras Reunidas (1964). Os mesmos militares pediram que retornasse à Vale para gerir sua operação internacional na Europa, com a criação da Itabira Eisenerz GmbH (1968), com sede em Düsseldorf, na Alemanha Ocidental, e depois da Rio Doce Europa S/A (1974), em Bruxelas, substituta da Itabira. Voltou à presidência da Vale em 1979, quando deu continuidade ao projeto de implantação de Carajás, na região norte do Brasil. Ficou na presidência até 1986, quando foi para a presidência da Rio Doce Internacional (RDI), também com sede em Bruxelas, até 1997. Também presidiu o Conselho de Administração da empresa Vale.

Fora do contexto da Vale, foi consultor e promotor de negócios para o governos mineiros de Rondon Pacheco e Aureliano Chaves na década de 70. Foi secretário de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, 1992, quando apresentou diversos projetos, dentre eles o gasoduto Brasil-Bolívia. Em 1997 assumiu o Conselho Coordenador de Ações Federais do Rio de Janeiro, da Federação das Indústrias do estado (Firjan). No governo de Fernando Henrique Cardoso, colaborou com seu projeto de integração nacional, onde apresentou seu conceito dos cinturões de desenvolvimento, aproveitando as potencialidades regionais e todos logisticamente interligados, tornando membro do Conselho Coordenador das Ações Federais, no Rio de Janeiro. Uma pequena mostra desse cinturão funciona no que hoje conhecemos como Corredor Centro-Leste, onde os grãos produzidos no centro-oeste brasileiro são transportados pela Ferrovia Centro-Atlântica e Vitória à Minas, para exportá-los pelo Porto de Tubarão, em Vitória, ES.

Eliezer pautou, norteou seus projetos com base em uma visão holística e sistêmica. Dessa forma, a partir da Vitória à Minas, criou o conceito operacional da Vale para chegar ao ponto que está hoje. E com base nesse pensamento, somando sua paixão pelo Brasil, ele tem um projeto de desenvolvimento nacional baseado em quatro pilares: energia, telemática, capital humano e logística, como forma de integrar o país ao mundo. Enfim, impetuoso e controverso, cuja melhor síntese estabeleceu Raphael Almeida; "O que move homens do perfil de Eliezer não é nem o lucro, muito menos títulos e honrarias formais, mas o fazer, o construir, o abrir caminho, ao aplicar seu talento e sua capacidade em mobilizar homens e vontades para vencer desafios concretos e substantivos".

 

Eliezer Batista

 

To speak of Eliezer Batista is to invite controversy. If one chooses to weave glowing words about his personality - entrepreneur, visionary, pragmatist, theoretician, etc. - many will take that as just a cliche, because that's the usual description of a successful businessman. If these characteristics are omitted, criticism focuses on the fact that he can not be seen simplistically, and that even a positive view should be humanized. However, one thing is certain. Eliezer Batista was a man ahead of his time.

Born in Nova Era in Minas Gerais, Eliezer was one of a select group of people who had access to higher education at the start of the twentieth century in Brazil, where so much still needed to be accomplished. If the country as a whole was not conducive to such training, it was even less so for someone from a city that was almost isolated. He went to boarding school, and then to college in the city of Curitiba. After graduating from the University of Parana's School of Engineering in 1948, he started work at the Companhia Vale do Rio Doce the following year, while the company was still being put together. He went to work in the Department of Construction of the Estrada de Ferro Vitoria a Minas, participating in the process of rebuilding the railway in the region of the city of Governador Valadares, and other regions. Eliezer was part of the group of engineers to whom the company provided incentives to study railway engineering in the United States of America, the first of several training stints abroad, a fact which would widen his horizons and enable him to develop new Projects at the railroad and also to think about the company as a whole.

The engineer and the company grew up together and at one point the stories of his life and the company's blur together. Dona Jutta Batista, his wife, said that Eliezer had a lover who he called his "little princess", Vale. He rose to head of the Permanent Way Department (1951), Assistant Engineer (1957) and superintendent of the Vitoria a Minas (1959). He was the first career employee to became president of the company, in 1961 at the age of 36, and his administration would significantly change Vale's history. Along with the company presidency, he took on the role of Minister of Mines and Energy in the government of Joao Goulart (1962-64).

The 1960’s were the period in which the company achieved substantial growth, penetrated foreign markets and joined the ranks of the world's largest mining companies. In iron ore, specifically, it become the largest miner, because of a partnership established with Japan, taking advantage of the opportunities that post-war reconstruction offered. The Port of Tubarao was also opened during his administration, which allowed a revolution in global shipping, because Vale was responsible for ordering the first giant ships, with capacities of over 100,000 tons, at a time when even the largest carried no more than 45,000 tons.

Persecuted by Brazil's military regime for selling ore from Vale to President Tito of what was then Yugoslavia - and doing so in Russian - he was removed from the company, taking on the presidency of Mineracoes Brasileiras Reunidas (1964). The same military government then asked to forget the past and invited him to come back to Vale to manage its international operations in Europe, with the creation of Itabira Eisenerz GmbH (1968), based in Dusseldorf, West Germany, and afterward of Rio Doce Europe S/A (1974), in Brussels, Itabira's sucessor. He returned to the presidency of Vale in 1979 and conducted the implantation of the Carajas project in northern Brazil, which began operating in 1985, another major milestone in the company's history. He remained president until 1986, when he became president of Rio Doce International (RDI), also based in Brussels, where he remained until 1997. He was also Chairman of the Board of Directors of the Companhia Vale do Rio Doce.

Eliezer was also active outside the context of Vale. He was a consultant and promoter of business for Minas Gerais governors Rondon Pacheco and Aureliano Chaves in the 70s. As Secretary for Strategic Affairs for the Presidency of the Republic (1992), he presented several projects, among them the Brazil-Bolivia gas pipeline. In 1997 he headed the Federal Actions Coordinating Council of the Federation of Industries of the state of Rio de Janeiro - Firjan. In the government of president Fernando Henrique Cardoso, he brought his national integration project, proposing the concept of development belts taking advantage of regional potentials, logistically interconnected. He became a member of the Federal Actions Coordinating Council, in Rio de Janeiro, a body linked to Presidency of the Republic. However, politics spoke louder than pragmatic needs, and the project was distorted in FHC's program of government. A small sample of this belt is in operation in what is today known as the Central-East Corridor, where the grain produced in the central-western Brazil is transported by the Center-Atlantic and Vitoria a Minas Railways, to be exported from the Port of Tubarao, in Vitoria/ ES . The corridor has operated since 1995. This inter-connection was also to extend to all of Latin America.

 

 

Fonte: Estrada de Ferro – Vitória à Minas – Rio Doce... Terra proibida, ano 2010
Autor: Cassius Gonçalves e Vito D’ Alessio
Tradução: Richard Pedicini
Compilação: Walter de Aguiar Filho/ fevereiro/2015

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