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Festa do Divino Espírito Santo

Santuário do Divino Espírito Santo em Vila Velha - Espírito Santo

Como está diferente a nossa querida terra! Revestida de roupagem moderna, com novos moradores. Seu povo evoluiu muito, mas... sentimos falta das coisas do passado.

Com que ansiedade as crianças esperavam as semanas anteriores à Festa do Divino Espírito Santo! Porque dos arredores da cidade vinham os “foliões” trazendo o Divino: uma bandeira com uma pombinha pintada no centro, presa a um bastão que trazia no topo um belo ramalhete de flores naturais, no meio do qual se achava a pomba que representava o Divino Espírito Santo. Dos seus pés saíam fitas coloridas que atraindo a atenção dos devotos, faziam renascer em seus corações a fé e a devoção, como naquele dia de Pentecostes as línguas de fogo fizeram crescer nos apóstolos a fé e o entusiasmo para pregarem a doutrina de Cristo.

Os “foliões” batiam caixas, fazendo o ritmo para seus belos e singelos versos improvisados nas ocorrências do momento, e iam visitando e saudando as famílias que os recebiam como satisfação. Nesta peregrinação angariavam muitos donativos como: aves, animais (inclusive bois), gêneros alimentícios e até jóias.

Eram acompanhados também por viola e rabeca. Aqueles homens de pouca instrução surpreendiam os mais cultos com seus belos improvisos.

Num ano em que o Divino visitou a residência do Sr. Manoel Duarte de Freitas, seus dois primeiros filhos, burlando a vigilância materna, acompanharam a “folia”. Dada a falta dos meninos, o pai aflito, segue atrás do grupo e encontra os filhos. Os “foliões” pedem, então, que as crianças não sejam castigadas e, ao voltarem no ano seguinte, um deles canta esta significativa estrofe:

“Devoto Mané Duarte,

quem pergunta é o Divino,         bis

se sempre naquele dia,              bis

perdôo os seus minino”.

E assim, de acordo com os acontecimentos, valiam-se do seu dom de repentistas para a comporem versos e mais versos:

“Não chore minha minina,

que me faz também chorá.

Os foliões vão embora,

mas o Divino vai ficá”.

Certa ocasião, quando a “folia” chegava a uma casa, um gato espantou-se e fugiu. O fato foi aproveitado para estes versos:

“Na chegada do meu Deus,

O gato foi pro soteio

Todo mundo achou bonito,

Só o gato achou feio”.

Finalmente chega a semana da Festa. O “Imperador” e a “Imperatriz”, sorteados no final da festa anterior, eram os organizadores dos festejos. Uma semana antes do dia tão esperado alugavam casas para os generosos doadores de esmolas que moravam fora.

Reinava grande animação no lugar, pois os visitantes chegavam trazendo violões, violas, rabecas e sanfonas, o que  dava um movimento especial, fazendo com que a festa praticamente começasse uma semana antes do dia exato.

O “Imperador” escolhia um menino para representá-lo nos festejos e o vestia a rigor – casaca preta, colete, gravata e camisa branca com uma claque, embaixo do braço. A “Imperatriz” também escolhia uma menina para representá-la e a vestia com um belo vestido comprido, armado, mangas fofas, à moda das imperatrizes.

Às primeiras horas do grande dia, ouvia-se uma salva de 21 tiros, banda de música e o repicar festivo dos sinos da Igreja de Nossa Senhora do Rosário. Às 10 horas era celebrada a missa festiva.

Antes do início os homens, as moças envergando os vestidos brancos e as senhoras de preto, como era de costume, conduzindo um grande quadrado de madeira devidamente ornamentado com fitas e flores, e acompanhados pela banda de música, se dirigiam às casas dos representantes do “Imperador” e da “Imperatriz” para conduzi-los dentro do quadrado até a igreja onde, sentados nos seus tronos, presidiam os festejos. Terminada a missa repetiam a cerimônia levando-os de volta para suas casas.

A procissão era realizada às 5 horas da tarde, com grande acompanhamento. Os jovens “Imperador” e “Imperatriz” tinham seu lugar de destaque, dentro do quadrado de onde acompanhavam a procissão, logo atrás do andor do Divino Espírito Santo.

Depois da procissão a festa era encerrada com Te-Deum e sorteio dos festeiros para o ano seguinte.

Fogos de artifício completavam o encerramento da festa.

 

Fonte: Vila Velha de Outrora,1990
Autora: Maria da Glória de Freitas Duarte
Compilação: Walter de Aguiar Filho, dezembro/2014



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