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Fradinhos – Por Adelpho Monjardim

Pedra dos dois olhos, Frei Leopardi - Fradinhos

Na antiga Vitória, no sítio denominado Fradinhos, em remoto casarão de grossas paredes e aspecto sombrio, morava o italiano Caetano Jantorno, lavrador de alguns recursos. A casa não fora construída por ele. Remontava, possivelmente, ao Século XVII, possuidora de longa e movimentada história.

Fradinho o nome exato, ostentando hoje um paragógico S, por eufonia. Contou-nos o inesquecível Professor Adolpho Fernandes de Oliveira, da Academia Espírito-santense de Letras e profundo conhecedor da historiografia capixaba, que o nome Fradinho provinha de promessa feita, por um dos seus antigos donos, a fim de salvar o filho de grave enfermidade. O voto obrigava o menino a usar, por tempo indeterminado, um hábito de frade.

O casarão, que tantas vezes mudou de dono, possui nebulosa história, que raia pela fantasia. Contou-nos austero militar, senhor de apreciável cultura, dado à parapsicologia, que através de revelações extra-sensoriais soube ter pertencido a casa a misteriosa personagem, provavelmente um flibusteiro, que ali se radicara, conservando-a como reduto forte e homizio.

Ali, em lugar só conhecido por ele, ocultara fabulosa fortuna. Morrendo o gentil homem da fortuna, o produto das suas razias continua oculto sob a terra, emparedado ou em algum socavão jamais encontrado.

Revelou-nos o informante ter sonhado com façanhudo senhor de capa e gibão e agigantado porte. Barbudo como todos os bucaneiros, trazia no largo cinto, cingindo o gibão, as clássicas pistolas e a longa espada de copos de prata. Em sonho fora conduzido ao misterioso esconderijo, local que nitidamente gravou na memória. Soube que existe o lugar tal qual sonhou, porém nunca pôde visitá-lo. O proprietário, possivelmente conhecedor da história, jamais permitiu a presença de estranhos.

O pesado casarão resiste ao tempo, mudando sempre de dono, sem contudo desvendar o seu segredo. Talvez o tesouro seja igual ao da Rainha Nitocris, da Babilônia, como nos conta Heródoto: no alto de uma das portas da cidade, a mais freqüentada, em lugar visível, a rainha mandou construir um sepulcro, em cuja face mandou gravar a seguinte inscrição: “Se a algum dos reis da Babilônia, que me suceder, escassear o dinheiro, abra este sepulcro e tome o que quiser; porém se dele não necessitar de modo algum o abra, porque não lhe resultará bem”.

Dario, impedido de usar aquela porta, para não passar por debaixo de um morto; incomodado também por não se aproveitar daquele dinheiro, embora recheadas as suas arcas, determinou abrir o sepulcro. Aberto este, não encontrou dinheiro algum, senão um cadáver e o seguinte escrito: “Se não fosses insaciável de dinheiro e não usasses meios ruins para obtê-lo, não terias esquadrinhado as arcas dos mortos”.

 

Fonte: O Espírito Santo na História, na Lenda e no Folclore, 1983
Autor: Adelpho Poli Monjardim
Compilação: Walter de Aguiar Filho, dezembro/2015 

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