Morro do Moreno: Desde 1535
Site: Divulgando desde 2000 a Cultura e História Capixaba

Itaparica e Coqueiral

Início do coqueiral plantado ao longo da praia, na década de 40, ao fundo o Morro do Moreno. Acervo: Walne Cassiano Botelho.

Itaparica vem de ita + pari + ka, com pari, significando canal onde é fácil apanhar peixe. Representa também barragem ou cerca de madeira para aprisionamento de peixes, como armadilhas montadas em pequenas lagoas e canais. Essa espécie de curral pesqueiro é o que parece sugerir a conformação natural formada pelo pontal de Itapuã, pela ilha de Pituã e pelo conjunto das ilhas Itatiaia onde até a metade deste século, nos meses de novembro a março, era abundante a pesca da manjuba, cujos cardumes apareciam anualmente.

Mas existe também uma razão para o nome Itaparica e sobre isso vale a pena contar a história de um tremendo blefe, assim narrado: um senhor, Albertino de tal, mudou-se para Vila Velha com a família, fixando residência na praça Duque de Caxias. Como Albertino não tinha profissão definida, aceitou a incumbência de vender uma grande extensão de terra ao longo do mar e que se estendia de um e meio a dois quilômetros do pontal de Itapuã até a foz do rio Jucu. Nesse tempo, os terrenos negociáveis eram tão somente aqueles circunvizinhos ao antigo centro da cidade, a curta distância da praça Duque de Caxias, e mesmo assim a baixo custo. Seria, portanto, tarefa difícil, ou quase impossível, encontrar pretendente para a área ou lotes tão distantes, que além de tudo estavam sobre areia e sem qualquer infra-estrutura. Transcorria a década de 40 e a nação estava tomada pelo sentimento nacionalista da campanha do petróleo. Enquanto todos gritavam "o petróleo é nosso", o astuto Albertino colocava em prática a idéia que lhe ocorrera. Abriu alguns buracos rasos em pontos esparsos da restinga, onde lançou sobras de óleo e querosene. A partir daí, saiu espalhando aos quatro ventos que havia encontrado petróleo entre Vila Velha e Barra do Jucu. O Brasil inteiro estava impregnado pelo sentimento de defesa do ouro negro que brotava do chão na região de Lobato, interior da Bahia, alvo da cobiça de algumas empresas estrangeiras. Dito e feito: logo apareceu um ambicioso pretendente! Diante do que viu e do bom preço, fechou negócio. Pagou e só depois cuidou da análise do material e dos exames do solo, coisa muito complicada na época. Vila Velha e Vitória acompanharam com expectativa todos os trabalhos porque representaria o enriquecimento das duas cidades e o estado. Mas o resultado foi negativo. Tudo não passou de uma grande mentira do tal senhor Albertino. Mesmo assim, o empresário não esquentou a cabeça. Era homem astuto e afeito aos grandes negócios. Sem dúvida, só ele seria capaz de vislumbrar o extraordinário futuro da região. Por certo, era um jogo do qual só podiam participar os mais destemidos ou aqueles que acreditassem no êxito das oportunidades que a vida oferece. Tanto acreditou que não hesitou e tampouco regateou a oferta. Não cuidou do resultado imediato, logicamente. Enquanto a plebe pilheriava, o empresário planejou dar tempo ao tempo plantando côco de uma extremidade a outra daquela área e, um ano depois, consorciando com o plantio de abacaxi. Em pouco tempo iniciou farta colheita, construindo uma bela casa onde, nos fins-de-semana, era visto recebendo famílias amigas.

O bom resultado do negócio que realizou no passado pode ser avaliado hoje com nova dimensão: ao grande vencedor foram suficientes 40 anos para legar ao clã dos herdeiros, a incalculável fortuna enfiada numa faixa de areia extraordinariamente valorizada, que é a orla do litoral de Vila Velha.

Sendo ele procedente da Bahia, registrou o empreendimento com o nome de Coqueiral de Itaparica, embora estivesse todo o sítio localizado na orla da antiga praia de Itapuã. Mais tarde desapareceram as plantações e o nome original, Itapuã, foi sendo popularmente substituído pelos de Itaparica e Coqueiral de Itaparica. Hoje podemos verificar que o segundo nome, Coqueiral de Itaparica, já foi simplificado para Coqueiral.

Segundo verificação local, a atual construção de 3 blocos residenciais na orla da praia de Itaparica, esquina com a rua Dezessete, foi registrada com o nome de Nova Itaparica. Certamente, em futuro próximo, esse trecho incorporará mais esse nome.

O nome do empresário era o Sr. Armando de Oliveira Santos e sua esposa Dona Nair, seu filhos Paulo, Antonio de Oliveira Santos (que foi da Confederação das Indústrias) e Terezinha de Oliveira Santos.

Contribuição de: José Henrique Ruschi de Camargo

 

Fonte: Vila Velha - Onde começou o Estado do Espírito Santo, ano 1999
Autor: Jair Santos
Compilação: Walter de Aguiar Filho, dezembro/2010 

Bairros e Ruas

Aribiri

Aribiri

A denominação Aribiri vem do rio do mesmo nome. O rio, que é um braço de mar, tem sua foz perto do Penedo, na baía de Vitória. Ali existe um grande manguezal

Pesquisa

Facebook

Leia Mais

Primeiros moradores do Farol de Santa Luzia

Os primeiros moradores da região do Farol de Santa Luzia, na Praia da Costa, Vila Velha, foram...

Ver Artigo
Arrabaldes de Vitória - Os 10 mais frequentados por Eurípedes Queiroz do Valle

Primitivamente a expressão significava o habitante desse arrabalde. Passou depois a significar os que nascessem em Vitória. Hoje é dado a todo espírito-santense

Ver Artigo
Centro de Vitória

Palco de batalhas ferrenhas contra corsários invasores, espaço para peladas de futebol da garotada, de footings de sábados e domingos, praças, ladeiras e ruas antigas curtas e apertadas, espremidas contra os morros — assim é o Centro de Vitória

Ver Artigo
Cercadinho – Por Edward Athayde D’Alcântara

Ao arredor, encosta do Morro Jaburuna (morro da caixa d’água), ficava o Cercadinho

Ver Artigo
Avenida Jerônimo Monteiro (ex-rua da Alfândega)

Atualmente, é a principal artéria central de Vitória. Chamou-se, antes, Rua da Alfândega, sendo que, em 1872, passou a denominar-se Rua Conde D'Eu

Ver Artigo