Luiz Buaiz - Amigo de todos, até dos inimigos

Alexandre reconhece a paciência incomum do pai, com quem diz ter aprendido muito: “Meu pai tem uma capacidade de perdão muito grande. Lembro um sujeito de Vitória que não gostava nada do meu pai e deixava isso muito claro. Tempos depois meu pai veio a ajudar essa pessoa. Meu pai é assim. Ele é muito simples e não tem ambição, nunca teve. Sempre questionei o motivo de ele não ter um carro melhor, andar com roupas melhores. Ele sempre optou pelo mais confortável.
Outra coisa positiva é a relação dele com os empregados. Um dos mais próximos era o José Gomes, conhecido como Chessman, que recebeu esse nome devido à semelhanças que tinha com o Bandido da Luz Vermelha, Caryl Chessman. Depois de terminar o trabalho na construção do prédio que o Dr. Jorge Abikair – amigo do meu pai – estava fazendo na Rua Sete de Setembro, meu pai o contratou. Ele ficou muito grato e virou homem de confiança. Trabalhava como motorista. Fazia uma série de serviços.
Sempre que nós íamos para Guarapari, alguém emprestava a casa para o Chessman. Antes de morrer, a madrinha de Luciana deixou no testamento um dinheiro separado para ele comprar uma casa lá. Acabou comprando em Muquiçaba, e a casa dele virou um ponto de passagem de todos nós.
Outro empregado que tem história é o Pilinho. Ele e mais uma turma faziam a limpeza do IAPC, e depois combinavam de ir beber juntos. Ele começou a se achar o máximo porque tinha a chave do elevador. Um dia ele abriu o elevador e alguém o chamou no andar de cima. Ele estava no segundo andar e entrou. Nesse momento caiu nas molas e o cara que estava em cima desceu para buscá-lo. Pilinho só não morreu porque o zelador desligou a chave geral do prédio. Depois acabou sendo atropelado e morreu. Todos esses empregados almoçavam na nossa casa. Outro que também tem muitas histórias é o Levi, que gostava muito dele. E a voz do Levi era igual à do meu pai. Para piorar ele imitava meu pai e ainda se achava porque era secretário do Dr. Luiz Buaiz. Fazia pagamentos e tudo.”
Os empregados foram responsáveis por episódios que movimentavam a família e faziam o Dr. Luiz se desdobrar. Nada, no entanto, que se comparasse às dores de cabeça causadas pelo filho. Durante anos, enquanto durou a infância, adolescência e juventude de Alexandre, ele permaneceu o tempo inteiro em sobressalto. Se Dr. Luiz pensou em mandá-lo para um internato, como seu pai fizera, nunca concretizou a idéia. Enfrentou tudo com garbo, embora com a carteira sempre aberta para pagar os prejuízos.
Um dos muitos momentos em que teve que abrir a carteira para apaziguar os ânimos aconteceu quando morava na Santa Clara e teve a participação – bem intencionada, indireta, mas, de qualquer forma, participação – de uma velha amiga. Nesse período era comum todos terem uma antena de rádio em casa. E sua amiga Aurora Gorda deu uma arara vermelha de presente para Alexandre. A ave vivia presa como um papagaio e fazia muito barulho. Um dia conseguiu roer a corrente e fugir. Quando a família acordou reinava o maior silêncio! Ninguém viu a arara. Mas foi só alguém sair à rua para o mistério ser desfeito: todos os vizinhos estavam lá, reclamando porque a arara tinha roído todas as antenas de rádio da rua. O pai zeloso e apaziguador teve de comprar um estoque para repor antenas em toda a rua e acabou levando a arara para a fábrica de pregos do Sr. Alexandre, em São Torquato.
PRODUÇÃO
Copyright by © Luiz Buaiz – 2012
Coordenação do Projeto: Angela Buaiz
Captação de Recursos: ABZ Projetos
Texto e Edição: Sandra Medeiros
Colaboraram nas entrevistas:
Leonardo Quarto
Angela Buaiz
Ruth Vieira Gabriel
Revisão: Herbert Farias
Projeto e Edição Gráfica: Sandra Medeiros
Editoração Eletrônica: Rafael Teixeira e Sandra Medeiros
Digitalização: Shan Med
Tratamento de Imagens: TrioStudio; Shan Med
Fonte: Luiz Buaiz, biografia de um homem incomum – Vitória, ES – 2012.
Autora: Sandra Medeiros
Compilação: Walter de Aguiar Filho, dezvembro/2020
A do Tribunal de Justiça. (Palácio Moniz Freire) -E subdividida em duas: - a especial, constituída pelos que exerceram a Presidência, e a Geral, formada por todos os Desembargadores
Ver ArtigoFoi também a primeira mulher a ingressar na Academia Espírito-Santense de Letras. Sem dúvida, ela foi um exemplo de mulher pioneira e batalhadora
Ver ArtigoIgnácio Vicente Bermudes, morador de Timbuí, merece especial celebração ao atingir os 100 anos de vida
Ver ArtigoAs manifestações de pesar pelo seu falecimento - O Velório na Câmara Ardente - O Enterro - As Homenagens Oficiais - Outras Notas
Ver Artigo3) Carlos Teixeira Campos. Natural do Município de Calçado, no Espírito Santo, no então Distrito de Bom Jesus do Norte. Nasceu em 6-3-1908
Ver Artigo