Movimentos Religiosos ou Caritas Nunquam Excedit
Algum tempo atrás fiz amizade com um velho professor, que terminou seus dias em confortável casa na Praia da Costa assistido por familiares. Depois dele morto, e por especial deferência de contraparentes comuns, tive acesso a anotações suas que considero um tipo de poema em prosa. Desse caderno, que está a merecer publicação esmerada, extraí estas palavras:
"Peço sua mercê para contar a Misericórdia. Havia uma Casa. Santa mil vezes Santa. E praticava a Caridade. Segunda do Brasil. Mais antiga só a de Santos.
Misericórdia
Mercedes
Mercês
Mercy
Merci
Começa em Vila Velha. Em Vitória continua. Vitória contínua.
Irmandade católica. De maçons depois.
Umas histórias são remorsos — Outras são celebrações — mesmo in pectore.
— S.C.Misericórdia — irmãs Vicentinas esvoaçantes anjos da guarda. 'Serviam o chá da meia noite', o povo contava. Eutanásia antiga? Metabolismo mais baixo, mais óbitos noturnos? (...).
— Movimentos caritativos católicos — acompanham a transição do povo colonial e súdito para o das massas cidadãs no século XX.
ondas são são ondas
de caridade
são ondas ondas são
de caridade
são movimentos sísmicos
brotam do chão
sem se fazer esperar
derrubam tudo
tudo constróem
vão junto com o povo
salvar o povo do povo
constatar
só o povo salva o povo.
Arcebispo D. João, príncipe da Igreja.
D. João plebeu do ecúmeno capixaba.
— Procissões, irmandades religiosas.
— Por que tantas igrejas em Ouro Preto e Salvador, perguntam meus alunos, e lhes respondo perguntando: por que tantos clubes de futebol e os IAPETC, IAPI, IAPFESP, Ipase etc? São os mesmos cuidados na vida e na morte, naquele tempo e nos de agora, sempre exigências da vida. Os vivos têm sempre razão. (...)
— A caridade espírita — espalhada em muitos lugares, amparando crianças e velhos. Eles sabem que os espíritos podem esperar, mas a carne nem sempre. Centros espíritas usando o espírito dos mortos para consolar o espírito dos vivos. Canabibi em Fradinhos. Fé, Esperança e Caridade Santa Cruz no Horto Agrícola — onde se ouvem bonitas rezas e exortações: Salve Jesus! Salve umbanda iluminada! Salve todos os caboclos! Salve Jesuuuuussss! (...)
— O líder da Comunidade Batista de Vitória, mister Loren Reno e Arnulpho Mattos, católico fervoroso, se davam bem, bem antes do Concílio Vaticano II. (...)"
Escritos de Vitória – Uma publicação da Secretaria de Cultura e Turismo da Prefeitura Municipal de Vitória-ES, 1996
Prefeito Municipal: Paulo Hartung
Secretária Municipal de Cultura e Turismo: Silvia Helena Selvátici
Sub-secretário Municipal de Cultura e Turismo: Rômulo Musiello Filho
Diretor do Departamento de Cultura: Rogério Borges de Oliveira
Diretoria do Departamento de Turismo: Rosemary Bebber Grigatto
Chefe da Biblioteca Adelpho Poli Monjardim: Lígia Maria Mello Nagato
Bibliotecárias: Elizete Terezinha Caser Rocha
Lourdes Badke Ferreira
Conselho Editorial: Álvaro José Silva, José Valporto Tatagiba, Maria Helena Hees Alves, Renato Pacheco
Revisão: Reinaldo Santos Neves, Miguel Marvilla
Capa: Vitória Propaganda
Editoração Eletrônica: Edson Maltez Heringer
Impressão: Gráfica e Encadernadora Sodré
Fonte: Escritos de Vitória, nº 16 Movimentos Sociais, Secretaria Municipal de Cultura e Turismo – PMV, 1996
Texto: Fernando Achiamé
Compilação: Walter de Aguiar Filho, agosto/2018
Decidi doar minha casa à nossa Academia de Letras, porque já lhe havia doado o coração
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