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Índios – Colonos alemães

Botocudo

A existência de numerosas tribos de botocudos na região atravessada pela estrada Espírito Santo-Minas era a causa principal do seu abandono. Em verdade, os temíveis silvícolas não eram simples tema literário. Enchiam de pavor mesmo aos habitantes das vilas e até os da Capital, pois visitavam freqüentemente as lavouras situadas nas proximidades daquelas povoações, depredando e matando. A correspondência dos presidentes, de quando em vez, acusa o terror que os índios inspiravam, prejudicando todas as tentativas de penetração.

Não se dispõe de informações sobre os contatos entre as duas sociedades – índios e brancos – mas é inegável a preocupação da Administração em conquistar as boas graças dos primeiros. Na prática, poderia ser – como certamente foi – deturpado o propósito do governo pelos seus delegados ou funcionários. Mas a verdade é que as leis e as providências oficiais – de que nos falam os documentos – atestam à saciedade o desvelo dos poderes públicos pela sorte dos antigos donos da terra brasileira.

Desanimado, talvez, de obter melhores resultados na tarefa de aliciamento dos índios que habitavam as margens da promissora estrada e impossibilitado de manter custosa guarnição militar em todo o seu percurso, o governo provincial cogitou de localizar ao longo da mesma os alemães que haviam servido nos batalhões de mercenários e mandados para cá após a dissolução das suas unidades.(3) Não vingou a idéia, pois os cofres da província não suportavam as despesas decorrentes da diária de cento e sessenta réis, que se responsabilizara a pagar a cada um dos novos colonos.

Debandaram quase todos da terra capixaba, “a maior parte com destino a Porto Alegre”.(4)

 

NOTAS

(3) - Em ofício de cinco de janeiro de 1828, o ministro Araújo Lima, em nome do imperador, ordenava a Inácio Acioli “sejam conduzidos à Província do Espírito Santo os Colonos Alemães que se acham atualmente nesta Corte, a fim de serem estabelecidos no Rio Doce em terras que sejam mais próprias aos trabalhos da Agricultura” (Arq. Nacional – Livro 1 – Espírito Santo, p. 52. Esse livro [IJJ9 24] contém cópias dos ofícios expedidos pela Secretaria de Estado dos Negócios do Império para o Governo do Espírito Santo).

(4) - Ofício de vinte e dois de dezembro de 1831 do presidente Antônio Pinto Chichorro da Gama ao ministro José Lino Coutinho, in Pres ES, V) .

– Informa BASÍLIO DAEMON que a diária foi suspensa em virtude de os colonos não quererem se sujeitar às leis do país (Prov. ES, 285).

– Mais tarde, em 1846, viriam novos colonos alemães, inaugurando a fixação dos operosos filhos da velha Germânia na terra capixaba. É o que informa o documento seguinte: “No Transporte Nacional Éolo se acham embarcados com destino a essa Província cem Colonos Alemães, cujos nomes vão descritos na Relação junta; aos quais, logo que aí chegarem, V. Exa. dará o conveniente destino, na forma do que tem representado; providenciando outrossim para que se facilite o seu desembarque e das suas bagagens, sem dispêndio da Fazenda Pública, e, quando algum seja indispensável fazer-se, deve este entender-se como um adiantamento, que os ditos Colonos têm de restituir pela maneira, que abaixo se declara.

Achando-se eles comprometidos para com o Governo Imperial pelo seu transporte desta Corte para essa Capital, e pelas despesas do seu sustento, não só durante a demora, que aqui tem tido a cargo do mesmo Governo, cuja conta não está ainda liquidada, como da que terão nessa Capital; e sendo necessário assegurar a satisfação destas dívidas, Ordena Sua Majestade o Imperador que V. Exa. contrate com os ditos Colonos o pagamento delas dentro do tempo, e pelo modo, que lhes for mais cômodo, não excedendo o prazo de 4 anos; e terá por muito recomendado o embolso das mencionadas dívidas, para que ele se realize no devido tempo. Palácio do Rio de Janeiro em 16 de Dezembro de 1846. Joaquim Marcelino de Brito” (Ms do AN, IJJ9 24, p. 194).

 

Fonte: História do Estado do Espírito Santo, 3ª edição, Vitória (APEES) - Arquivo Público do Estado do Espírito Santo – Secretaria de Cultura, 2008
Autor: José Teixeira de Oliveira
Compilação: Walter Aguiar Filho, novembro/2017

Índios

Heranças dos índios aos capixabas

Heranças dos índios aos capixabas

Em todo o Brasil, somos conhecidos por "capixabas". "Capixaba" significa, na língua tupi-guarani, "plantação", "roçado", "lavoura", "preparação da terra para plantar"

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