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O Dial Capixaba – Por Maria Lúcia da Silva

Palácio Anchieta, à esquerda, e as torres na Fonte Grande 2008

"O rádio tem sido apontado como o mais popular e o de maior alcance entre todos os meios de comunicação de massas e, por suas características, pode ser considerado o mais privilegiado deles. Imediatismo, instantaneidade, linguagem oral, penetração geográfica, mobilidade de emissão e recepção, sensorialidade, aliadas a um baixo custo de produção e recepção, fizeram com que ganhasse espaço rapidamente frente aos meios impressos e sobrevivesse à concorrência surgida com o aparecimento da televisão."

Gisela Ortriwiano

 

O surgimento de emissoras em freqüência modulada estéreo — faixa de espectro do rádio entre 88 e 108 megahertz —, no Brasil, aconteceu no início dos anos 70, tendo sido usada primeiramente como link, ou seja, como meio de levar o som dos estúdios aos transmissores de rádio AM (Amplitude Modulada ou Ondas Médias). Naquela época, também existiam apenas três emissoras que atuavam como broadcasting (programação destinada ao público). As demais emissoras dedicavam essa freqüência a retransmissão das AMs ou apenas a uma programação musical.

Esse período coincide com a chamada "mania de som" — o gosto pelos sofisticados amplificadores, toca-discos e gravadores que reproduzem músicas com a mais alta qualidade, o que levou muita gente a adotar o hobby de gravar as músicas transmitidas em FM, aproveitando a perfeita recepção.

A princípio, pensou-se que a indústria fonográfica sofreria um abalo, com a queda na venda de discos. Mas ocorreu o contrário, conforme depoimento — na imprensa — de alguns, empresários do setor que diziam ter aumentado a produção.

Esse foi um dado. O outro terá sido o boom da "mistificação"? O aumento do poder de consumo dos brasileiros (milagre econômico?) não faz parte dessa discussão, mas não poderia deixar de ser abordado uma vez que se acelera nessa época (anos 70) o consumo do descartável e o aprimoramento do marketing da indústria fonográfica.

Nessa conjuntura, nasceu em Vitória a primeira emissora em freqüência modulada, a Cariacica FM, inaugurada em 1975, que foi caracterizada como "elitizada" — primeiro porque seu proprietário, Rômulo Conde, queria atingir "um determinado tipo musical para elitizar o público, torná-lo diferente do usual" (Cariacica AM). E segundo, porque só a "classe alta" teria acesso à aparelhagem de som que transmitia essa freqüência.

Depois, foi a vez da Gazeta FM que, ainda no fim dos anos 70, decidiu-se por um público jovem, mas de classe média. Logo chegou ao mercado a Rádio Tribuna FM, em 1983, com uma programação toda feita ao vivo. Diferente da Cariacica, que trabalhava com toda a programação gravada, e da Gazeta, que recebia programação da Rádio Excelsior de São Paulo.

A Rádio Tribuna foi a primeira a adotar o estilo "Radio Cidade" do Rio de Janeiro, com uma locução descontraída. Na seqüência, temos a Rádio Tropical FM inaugurada em 1983, que também seguiu o estilo jovem como proposto pela "cidade".

No início dos anos 90, o dial capixaba se apresentava com dois "estilos" de FM. De um lado as rádios de pique: Antena 1, Capital, Cidade e Tropical, dirigidas a um público jovem entre 14 e 25 anos, de classes diversas, que era guiado pela linguagem atraente dos disc-jockeys, que tinham idade entre 18 e 20 anos, e geralmente tinham experiência em animar festas em clubes de bairros. O outro formato de rádio era representado pelas emissoras Cariacica, Tribuna e Universitária, que adotavam um estilo de locução mais lenta, destinada ao público das classes A e B, de idade acima de 20 anos.

Nem bem iniciou a última década do milênio, um novo perfil do dial foi se delineando, inspirado principalmente no estreitamento das relações com as formas de poder religioso A primeira emissora do estilo FM que aderiu à mudança foi a Rádio Cidade FM, que em 1993 passou a pertencer à Rede Arquidiocesana de Comunicações (Igreja Católica). Na seqüência, entrou no ar em 1995 a Rádio Novo. Tempo, da Fundação Roberto Rabello de Comunicação Social (Igreja Evangélica Adventista).

Na verdade, quem inaugurou essa tendência rádio-religião (igreja eletrônica) no dial capixaba foram as emissoras AM, que bem no final dos anos 80 já tendiam a adotar um formato de programação dirigido aos seus fiéis.

"A igreja eletrônica" — como conceitua a jornalista Sônia Virginia Moreira — "é uma espécie de ‘marketing eletrônico’ que transforma a fé em mercadoria ou espetáculo e a Bíblia em um livro de receitas para resolver todos os problemas, não sendo mero fenômeno religioso mas também político, ao existir uma relação ideológica que vincula os seus programas com a massificação do povo para manter a situação política e econômica do país."

Neste caminho tão efêmero que é o dial capixaba temos hoje a seguinte composição: Jovem Pan, Antena 1 e Litoral - que pertencem à Rede Gazeta de Comunicações; Tropical, da Fundação Brasileira de Assistência e Educação; Universitária, da Fundação Ceciliano Abel de Almeida - Ufes; Transamérica, do Grupo Buaiz; Cidade, da Igreja Católica; e a Novo Tempo, da Igreja Adventista.

Com a chegada do ano 2000 provavelmente teremos um novo estilo de dial. A globalização por exemplo vai influenciar os meios de comunicação no sentido de exigir um maior compromisso com a qualidade da informação, e a liberação de concessões para as rádios comunitárias (regionalização) vai exigir um compromisso social dos que fazem rádio.

 

Fonte: ESCRITOS DE VITÓRIA — Imprensa – Volume 17 – Uma publicação da Secretaria de Cultura e Turismo da Prefeitura Municipal de Vitória-ES.
Prefeito Municipal - Paulo Hartung
Secretário Municipal de Cultura e Turismo - Jorge Alencar
Sub-secretário Municipal de Cultura e Turismo - Sidnei Louback Rohr
Diretor do Departamento de Cultura - Rogério Borges de Oliveira
Diretora do Departamento de Turismo - Rosemay Bebber Grigatto
Coordenadora do Projeto - Silvia Helena Selvátici
Chefe da Biblioteca Adelpho Poli Monjardim - Lígia Maria Mello Nagato
Bibliotecárias - Elizete Terezinha Caser Rocha e Lourdes Badke Ferreira
Conselho Editorial - Álvaro José Silva, José Valporto Tatagiba, Maria Helena Hees Alves, Renato Pacheco
Revisão - Reinaldo Santos Neves e Miguel Marvilla
Capa - Amarildo
Editoração Eletrônica - Edson Maltez Heringer
Impressão - Gráfica e Encadernadora Sodré
Autor do texto: Maria Lúcia da Silva
Compilação: Walter de Aguiar Filho, janeiro/2018

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