O Futuro Nome de Vila Velha - Por Heribaldo Balestrero
Como terra mãe da coletividade espírito-santense, Vila Velha é o repositório das nossas tradições, o lugar onde desembarcaram o primeiro donatário da Capitania e os primeiros colonizadores do nosso litoral.
Se possuísse a sua monografia, quantos quadros magníficos não teríamos a admirar, na beleza das suas paisagens históricas, vendo pintadas, com as mesmas cores, mas em telas magistrais, a própria história inicial do Espírito Santo sublimada pela miraculosa epopeia do Convento da Penha, que Pedro Palácios escreveu no cimo de um monte, na profundeza azul do majestoso firmamento
O nome de Vila Velha, que recebeu de início, foi mudado para Espírito Santo, naturalmente como homenagem ao primeiro lugar pisado pelos lusitanos que deram este nome à Capitania, por ter sido descoberta no domingo do Espírito Santo. Naquele ano de 1535 festejado no dia 23 de maio.
Desejam os vila-velhenses mudar o nome da sua cidade e consequentemente do seu município, achando que o nome de Vila Velha é pejorativo e que o de Espírito Santo não se adequada ao município, por já ser o nome do Estado. De minha parte, achei muito justa a iniciativa, mas entendo que essa mudança deverá obedecer às tradições históricas da terra, para não acontecer como Viana, meu torrão natal, que teve o seu nome primitivo, lembrando um dos precursores da colonização do hinterland espírito-santense, Paulo Fernandes Viana, mudado para Jabaeté, denominação de uma lagoa inexpressiva do município de Vila Velha.
Lembrei-me, então, de sugerir à Comissão o nome de EMBOABAS (do guarani Mboab) que os selvagens deram ao estabelecimento fundado por Vasco Fernandes Coutinho em Vila Velha e que significa aldeia de gente calçada, ou simplesmente calçados. Este nome possui a sua origem na terra de Vila Velha, cuja tradição não deve desaparecer com as denominações apresentadas, sem qualquer expressão histórica.
A História, como também a Religião, tem o seu fundamento na tradição e nenhuma comunidade do Espirito Santo a possui em tão grande escala como Vila Velha. A sua tradição é histórica, por ter sido o berço da nossa colonização litorânea, e é religiosa, porque foi o lugar escolhido pela Virgem da Penha para olhar para todos nós, do alto do seu Convento.
O nome de EMBOABAS, dado primitivamente a Vila Velha pelos silvícolas, é citado por Joaquim Manoel de Macedo em NOÇÕES DE COROGRAFIA DO BRASIL — EDIÇÃO de 1873, pag. 167. Seja o nome bonito ou não, o que é certo é que foram os EMBOABAS os fundadores do Espírito Santo, em Vila Velha, os construtores do mais admirável e miraculoso Santuário que conhecemos.
E um nome que simboliza todo um passado de gloria, quer na luta contra a barbárie do selvagem, para a conquista da civilização, quer na tenacidade da fé, para a conservação da espiritualidade que precisava subsistir, para que Vila Velha continuasse, através dos séculos, como refúgio das aflições de toda a população capixaba.
Fonte: Jornal O Continente - 03/10/1953
Autor: Heribaldo L. Balestrero
Compilação: Walter de Aguiar Filho
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