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O Índio Adão - Elmo Elton

Numa das muitas vezes que ia pela costa dura e árida de Itanhaem, entrando no arvoredo, sem saber com que fim, encontrou José um índio muito velho sentado ao pé de uma árvore. Ao vê-lo começou o selvagem a exclamar: Vem, vem depressa, há muito que aqui te espero. Perguntou-lhe o Padre quem era, de que terra, e como estava ali. Pela resposta entendeu que o selvagem não era de Itanhaem nem parecia do Brasil, mas que por virtude divina fora ali trazido, e não por forças humanas, pois em tanta idade não as havia. Examinando-o achou que guardara sempre a lei natural e buscava o caminho de uma vida boa. Explicou-lhe o Padre alguns mistérios da religião e o anoto respondeu que o mesmo sentia na sua alma, mas sem poder explicá-lo. Aqui recolheu o santo missionário alguma água de chuva de entre os cardos e batizou-o com o nome de Adão. Pouco depois o feliz Adão, levantando mãos e olhos ao Céu, agradeceu a Deus e ao Padre o bem que alcançara e entregou sua alma ao Criador. Deste fato deu também testemunho o Padre Pedro Leitão, que o ouvira do próprio Anchieta. FROTA GENTIL, S J ob. cit.

 

O INDIO ADÃO

Anchieta, andando sempre, certa vez,
em plena mata, encontra índio ancião,
sentado sobre um toro, parda tez,
ralas cãs, qual se posto em oração.

Vendo-o, tão só, o padre, alma cortês,
enche-o, assim, de santa indagação,
e o índio, em resposta, diz ser montanhês,
que ali viera buscar a salvação.

O jesuíta falou-lhe então de Deus,
e sabendo-o pagão, por medos seus,
chamando-lhe de Adão, logo o batiza.

Era isto o que esperava, fala o estranho,
a salvação agora a tenho ganho,
e, frente ao padre, ali mesmo agoniza...

 

Autor: Elmo Elton
Fonte: Anchieta, Vitória 1984 

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