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O Penitente Frei Palácios – Por Frei Manuel da Ilha, OFM

Capela de São Francisco em ruínas, 1956. Foto Iêda, Eny, Juju, Enilda e Pepenha

Embora nunca tivesse vindo ao Brasil, este franciscano português foi encarregado de escrever a crônica de Custódia de Sto. Antônio do Brasil que ele intitulou de “Relação”, sendo o manuscrito composto em latim, para completar a obra do Pe. Geral da Ordem, Frei Francisco Gonzaga. Da vida de Frei Manuel da Ilha sabemos apenas que ocupou os postos de guardião e definidor na sua província de Sto. Antônio de Portugal. Morreu em Lisboa a 23 de novembro de 1637. O seu alentado estudo “Relação” ainda aguarda a edição e anotação, escrito que foi em 1621.

 

Frei Manuel da Ilha, OFM frade português escreveu, em 1621, a Crônica da Custódia de Sto. Antônio do Brasil; e como não tivesse ocasião de vir ao Brasil colher dados, pediu informes aos confrades missionários. Daí certos equívocos no seu manuscrito. Destacam-se entre as fontes consultadas a crônica da Custódia do Brasil da autoria de Frei Vicente do Salvador e um caderno de notas do ex-custódio Frei Leonardo de Jesus.

Fonte: Frei Manuel da Ilha OFM Divi Antonii Brasiliae Custodiae Enarratio seu Relatio fls. 282v - 285.

Vinte anos antes da fundação de Santa Custódia (de Sto. Antônio), chegou a esta vila e capitania do Espírito Santo certo religioso natural da Espanha e da nossa Ordem, mandado por seus prelados, chamando-se Frei Pedro, leigo a quem os habitantes da terra muito apreciavam pela grande virtude e santidade que possuía... Em geral jejuava com água e pão e constantemente trazia o cilício e levava uma vida a que todos servia de exemplo e edificação, porque o consideravam santo e como tal o veneravam. Raras vezes descia do monte salvo para expiar crimes e pedir esmolas. Mas, todas as vezes que voltava subia carregado de água potável ou de pedras para construção da capela de Nosso Seráfico Pai, a qual lhe servia também de cela. Pois era nela que sobre uma tábua e uma pedra, um lugar de travesseiro dormia.

Sempre andava de pés descalços, hábito pouco asseado e muito remendado. Aos habitantes e aqueles que vivam fora das obrigações cristãs ele os recriminava duramente. Não queria aceitar senão esmolas pequenas e delas ainda dava aos pobres.

Ele mesmo sabia muito antes o seu trânsito e quando o dia da morte se aproximava, visitou os amigos e devotos dizendo-lhes que devia fazer uma longa viagem, logo após a Festa de Nossa Senhora. E aconteceu que na quarta-feira seguinte, abriu uma sepultura na qual queria ser sepultado, chamando o negrinho que um varão nobre e devoto lhe dera como companheiro no monte e tendo recebido do menino a vela acessa conforme pedira, ajoelhou-se na sua sela perante o altar do Pai São Francisco que lá se achava construída. Mandou então o negrinho que fosse chamar o seu senhor, que tanta o venerava, para que viesse sepultá-lo.

Ciente disso o nobre e piedoso varão veio com a fraternidade da Santa Misericórdia, com os Padres da S. Companhia de Jesus e com todo o povo, pela grande veneração que lhe devotavam. Acharam-no morto, ajoelhado e inclinado sobre o altar e com as mãos levantadas ao céu.

 

Fonte: Antologia do Convento da Penha, ano 1974
Autor: Frei Venâncio Willeke O. F. M.
Compilação: Walter de Aguiar Filho, setembro/2015

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