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O Pregador do Evangelho – Por Frei Antônio de Sta. Maria Jaboatão, OFM

Gruta onde morou Frei Pedro Palácios, sem data

Frei Antônio de Sta. Maria Jaboatão, OFM, 1695-1779, natural de Jaboatão — PE, figura como pregador famoso, poeta desde a juventude, e cronista da província franciscana de Sto. Antônio, na qual ainda exerceu os cargos de mestre dos noviços, em Igaraçu, guardião da Paraíba e do Recife, definidor e secretário da mesma província. Além da obra mais célebre NOVO ORBE SERÁFICO BRASLICO, deixou inéditos o CATALOGO GENEALÓGICO, muitas poesias, cartas, conferências, tratados etc., que reuniu sob o título "Obras Acadêmicas", porque pertencera a "Academia dos Renascidos da Bahia".

Frei Antônio de Sta. Maria Jaboatão, OFM (1695-1779) pernambucano, compôs a sua famosa obra NOVO ORBE SERÁFICO BRASÍLICO, em meados do século XVIII, tendo consultado o arquivo franciscano da Bahia e os autores que antes dele escreveram. Depois de refutar os que negam a fundação do Santuário da Penha por Frei Palácios, apresenta o ermitão como missionário dos Aimorés e primeiro catequista em terras capixabas.

Fonte: Frei Antônio de Sta. Maria Jaboatão, OFM Novo Orbe Seráfico Brasílico Rio de Janeiro 1858-1862 I,2 pág.31ss. André Gomes que sendo rapaz acompanhava ao Servo de Deus, nas saídas que fazia a doutrina das Missões e aldeias... Estas viagens do Servo de Deus em as quais se detinha eram comumente para as aldeias dos gentios que habitavam por aqueles arredores das vilas do Espírito Santo que depois de tantas e tão continuadas guerras e destroços, como ficam referidos alguns, na sua fundação, viviam já em paz por este tempo com os portugueses, mas ainda não agregados ao grêmio da Igreja, e a estes se determinavam as visitas do Servo de Deus Frei Pedro.

Ali se detinha entre eles alguns dias, catequizando a uns, batizando a outros, em especial aos meninos e crianças, e fazendo em todos admiráveis frutos de conversão. E este era um dos maiores empregos do seu abrasado e apostólico zelo. Ele foi o primeiro pregador e anunciador do Santo Evangelho que tiveram os gentios desta capitania, na qual ele só por muitos anos foi o maior instrumento da conversão de muitos, não só para a Igreja, também para a mais fixa e verdadeira amizade com os portugueses. Porque suposto que já quando no ano de 1558, chegou ao Espírito Santo Frei Pedro, tinham nesta vila uma residência os padres Jesuítas, desde o ano de 1551, e nela religiosos de assistência havendo alguns sete anos, ainda não haviam até este tempo dado princípio à conversão do gentio. Não é discurso este da nossa vontade, é expressão de duas testemunhas que assim o expõem com esta explicação no instrumento jurídico, que já dissemos se tirou na mesma vila. É a primeira Amador de Freitas, Capitão da aldeia de Reritiba e morador em Vila Velha, de idade de 69 anos.

Disse que conhecera ao Pe. Frei Pedro Palácios Religioso leigo da Ordem de S. Francisco, haverá cinqüenta anos, nesta capitania o qual era tido de todos por Varão Santo e de muito exemplar vida, andando pelas aldeias desta capitania, aonde ainda então não residiam Padres da Companhia, e batizava e doutrinava aos índios, ensinando outrossim a doutrina cristã pelas ruas, etc.

A segunda testemunha é Nuno Rodrigues, morador na vila do Espírito Santo, homem de idade de cento e dois anos, e adverte a leitura do tal instrumento, que tendo toda esta idade, estava em seu juízo perfeito e andava ainda pelas ruas por seus pés e bem disposto, indo todos os dias ouvir missa e tratando com quem lhe convinha. Disse que:

Conheceu aqui na vila do Espírito Santo ao Pe. Frei Pedro Religioso Leigo da Ordem de S. Francisco, haverá cinqüenta anos, ao qual tratou particularmente, e lhe disse que era castelhano de nação natural de Medina do Rio Seco, perto de Salamanca, e o viu ordinariamente andar pelas ruas, ensinando a doutrina cristã aos meninos e a todos, e o mesmo ia fazer pelas aldeias dos índios, aonde ainda não residiam Religiosos da Companhia, senão aqui na vila. Lá nas ditas aldeias batizava aos índios, que se convertiam a fé católica e era mui zeloso da salvação das almas.

Este é o dito destas duas testemunhas, acaso expressado por elas e muito a propósito para justificar que se Frei Pedro não foi o primeiro Religioso que chegou a capitania do Espírito Santo, porque antes dele chegaram outros, foi o primeiro Pregador e Anunciador do Santo Evangelho que deu conhecimento da fé e luz da verdade católica ao gentio da terra, porque não perdessem os filhos de Francisco esta primazia nas conquistas do Brasil, ainda quando não são os primeiros que a elas chegaram.

 

Fonte: Antologia do Convento da Penha, ano 1974
Autor: Frei Venâncio Willeke O. F. M.
Compilação: Walter de Aguiar Filho, outubro/2015

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