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Os Botocudos – Por Celso Perota

Botocudo

A questão da relação da sociedade portuguesa com os registros sobre índios no Brasil foi muito complicada, principalmente quanto à identificação lingüística dos grupos. Os contatos para a troca de informações foram feitos com os índios que falavam a língua tupi-guarani. Em função disso, no século XVI, esses índios denominavam os demais "tapuyas", cujo significado era "aquele que não fala a nossa língua". Portanto, eram tapuias todos os que não falavam a língua tupi. Por outro lado, no Espírito Santo e no século XVIII, essa denominação passa a ser "botocudo", palavra que vai denominar todos os índios que se encontravam arredios à colonização portuguesa. Assim, nesse período, é um pouco difícil mostrar a real identidade dos grupos indígenas, em função dessa generalização.

Os botocudos surgem na região Norte do Espírito Santo, nos vales dos rios Doce, Cricaré e Itaúnas. Esses índios dominavam a região dos formadores desses rios e foram pressionados pelas populações mineradoras que procuravam ouro, nas cabeceiras do rio Doce, e pedras preciosas, nos rios São Mateus, Mucuri e Jequitinhonha. Assim, se estabeleceram em território do Espírito Santo.

A história dos botocudos é muito difícil de reconstituir pela sua extraordinária capacidade de mudar de sítio. A residência em cada aldeia não durava mais do que quatro meses. Por isso nem a arqueologia e nem a etnohistória podem acompanhar essa mobilidade. Em função disso é que aparece uma série de nomes, com grafias diferentes, que representam as autodenominações que foram usadas em cada época e que poderiam representar o mesmo grupo.

Os grupos de botocudos são identificados por:

a) pertenceram a uma sociedade macro-jê;

b) serem grupos com grande mobilidade no espaço, portanto nômades por tradição;

c) fragmentação freqüente do grupo em famílias com o reagrupamento sazonal;

d) por não terem um território geográfico definido e estarem constantemente em conflito com seus vizinhos;

e) e por terem uma economia de coleta e de caça.

Alguns de seus nomes podem ser identificados no Espírito Santo, desde designações genéricas até identificação de pequenos grupos. São registrados no Estado os seguintes, para os índios pertencentes ao grupo macro-jê:

Nomes genéricos

Aimorés - Guaimure; Guerens; e botocudo

Nomes de grupos

Nacnenuc, naknenuk, nackenenucks, nac-na-nuc; Cracmum, craquemu, crenaque; Pajearum; Giporok, jiporoca, giporok; Pojejás, pojinchás; Porohum; Bakuês; Nak-erehã: Etwet;Takruk-krak; Nep-nep; Gut-krak; Pancas: Munhangirens, minagiruns; Nac-herehé; e Incut-crac.

 

Fonte: Jornal A Gazeta, A Saga do Espírito Santo – Das Caravelas ao século XXI – 19/08/1999
Pesquisa e texto: Neida Lúcia Moraes
Edição e revisão: José Irmo Goring
Projeto Gráfico: Edson Maltez Heringer
Diagramação: Sebastião Vargas
Supervisão de arte: Ivan Alves
Ilustrações: Genildo Ronchi
Digitação: Joana D’Arc Cruz    
Compilação: Walter de Aguiar Filho, maio/2016

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