Rua do Rosário – Por Elmo Elton

Recebeu este nome por estar localizada ao pé do morro onde, no século XVIII, foi construída a igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos. A Irmandade, de igual denominação. "em fins de 1765, levantou a capela de sua Padroeira, na encosta chamada Pernambuco, no princípio da Capixaba, de acordo com a Provisão do Bispado da Bahia, de 14 de setembro do mesmo ano. O capitão Felipe Gonçalves dos Santos, sua filha Bernardina de Oliveira e seu genro Inácio Fernandes Rabelo haviam doado à referida Irmandade, a 23 de julho daquele ano, duzentos e vinte palmos em quadro, para edificação do templo".
A rua, das mais tradicionais da cidade, conservou, até recentemente, suas características de artéria colonial, sendo que, no início do século, para se chegar à mesma, "passava-se por terrenos baldios e de marinha", datando de 1867 seu primeiro calçamento, por decisão da Câmara, em reunião de 28 de janeiro.
Em decorrência da devoção de São Benedito, venerado na igreja do Rosário, cuja imagem foi roubada do Convento de São Francisco, a 23 de maio de 1833, por Domingos do Rosário, o africano liberto Antônio Mota (Matola) e o crioulo Elias de Abreu, os peroás (assim chamados os devotos de São Benedito do Rosário) movimentaram por muito tempo essa rua, sobretudo durante o mês de dezembro, quando, dia 27, saía a procissão do santo franciscano, sempre com grande e tumultuado acompanhamento. Em cima, isto é, no adro do templo, onde se erguem, até hoje, duas magníficas palmeiras imperiais, realizava-se, naquela data, animado leilão, terminando os festejos, cá em baixo, com os devotos cantando ao ritmo de congos ou da filarmônica Rosariense.
Cantavam os devotos, ao tempo das festas:
Areia do má
vamo carregá!
Vamo pro Rosário
já lá vou.
O que nóis queria
já chegou!
Ou então estes outros versos, tirados da peça Ontem e Hoje, de Ubaldo Rodrigues, representada no Teatro Melpômene, em 1896, cuja música era assoviada em todos os cantos da cidade não só pelos peroás mas, também, por simpatizantes da Irmandade de São Benedito:
I
lª. Peroá: Sou peroá de fama
Coro: Até morrê!
1ª.
Caramuru: E eu caramuru, minha ama!
Coro: Cumo quê!
Canto
1ª. Peroá — Podeis vestir vosso verde.
Caramuru,
Que a cô que eu visto não perde
Do céu azul!
'Stou no mês d'alegria.
Da festa dos peroá.
Em que passo noite e dia,
Dançando no camundá...
(Dança. com requebros, do antigo camundá)
(Coro geral)
'Stou no mês d'alegria
Das festa dos peroá.
Em que passo noite e dia.
Dançando do camundá.
II
1ª Caramuru: Agora que estais p'ra riba
Falá podeis:
Mas, depois na pindaíba
Ficareis...
Repete-se o Coro Geral. E depois versos:
1ª. Peroá: A cô azul é celeste
É diviná
As peroá é que veste
P'ra Machucá...
Repete-se o Coro Geral. Segue-se o último verso.
1ª. Caramuru: Deixai-vos de pabulage.
Ai peroá,
Que eu também trago no traje
A cô do má...
No governo de Florentino Avidos, com as obras de alargamento do terreno onde seria construída a Avenida Capixaba, a Rua do Rosário teve parte de sua área destruída, sendo que, atualmente, dispõe de maior número de casas comerciais do que de residências particulares, servindo de tráfego de veículos, dos que vêm da zona norte, contrastando em tudo com sua primitiva aparência.
Fonte: Logradouros antigos de Vitória, 1999 – EDUFES, Secretaria Municipal de Cultura
Autor: Elmo Elton
Compilação: Walter de Aguiar Filho, agosto/2017
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