Sementes de Ouro
Pedra Azul - Foto: Edson Quintaes
Afirmou o poeta Cassiano Ricardo que “o imigrante trouxe a enxada ao ombro, subiu ao píncaro das montanhas, plantou sementes de ouro na terra de esmeralda e transformou-se, verdadeiramente, num descobridor de novos mundos”.
Jônice Tristão, ao acelerar o projeto de urbanização do Albergue da Pedra Azul, em Pedreiras, Domingos Martins, nivela-se aos louros imigrantes de Cassiano Ricardo, compondo uma nova e moderna frente de trabalho que caminhará, paralelamente, fiel aos instintos de preservação do valioso patrimônio paisagístico de uma das mais privilegiadas regiões de clima temperado do hemisfério sul, sem distanciar-se da filosofia evoluída que transforma a tecnologia de construção e urbanização em suporte harmônico das dádivas da natureza.
Há mais de 30 anos o engenheiro Eliezer Baptista da Silva escolheu, com um pequeno grupo de amigos, Pedreiras para o seu refúgio. Ali, na fimbria da Pedra Azul, no altiplano das montanhas, sob o som cadenciado e suave das cascatas, não foram poucos os planos que nasceram, os imensos projetos de desenvolvimento que desabrocharam, dando ao Brasil a realidade de Tubarão e a histórica decisão de Carajás. A tranqüilidade, o silêncio e o verde das encostas foram companheiros de sonhos maravilhosos. Ali, próximo a lareira, as idéias rejuvenescem. O instinto criador encontra suas maiores afinidades.
Comungando do entusiasmo comum aos que aprenderam a amar a montanha, rendidos à sua graça e crença, Jônice Tristão e todos os seus familiares lá estão, não apenas iniciando mais um empreendimento, mas, sobretudo, estão assinando um compromisso com a exuberante natureza da região, fazendo da preservação do verde a bandeira de suas mais caras esperanças.
Marcando suas múltiplas atividades empresariais pelo dinamismo de ação e mais ainda pela unidade familiar, os projetos do grupo têm sido, acima de tudo, projetos encampados por toda a família e pelos seus mais diretos auxiliares e colaboradores. Reside nesta unidade, nesta identidade de propósitos e na seriedade que o Grupo Tristão coloca em tantas e tão variadas realizações, a marca de uma educação de berço, quando em Afonso Cláudio o patriarca da família – José Ribeiro Tristão – plantou as lições de humildade, de capacidade realizadora e de carinhosa vivência familiar, semeando de exemplos maravilhosos os futuros caminhos de todos os seus descendentes.
O Albergue da Pedra Azul é um dos símbolos de arrojados projetos que pretendem transformar Pedreiras e Domingos Martins como um todo, num dos mais promissores pólos turísticos de montanha de todo o país, cujo despertar a nível nacional está marcado pela próxima realização do Festival Internacional do Vinho.
Com o apoio decisivo do Governo do Estado, sustentado pelo entusiasmo e pelo espírito de luta do Secretário Hermes Laranja, da Indústria e do Comércio, não se pode ter dúvidas de que o Espírito Santo resolveu mostrar ao país que suas montanhas passam a ser uma nova opção turística, dentro de um link praia-montanha que se revela único no gênero em todo o mundo, graças ao hiato de acesso que os une em apenas 40 minutos.
O complexo hoteleiro de Pedra Azul, com uma área construída de aproximadamente 3.100 metros quadrados, terá como suporte de lazer e recreação, lagos, campos de esporte, saunas, piscinas, quadras de tênis, voleibol, futebol, bocha, charretes, cavalos, discotecas, salão de convenções, restaurantes, bares e pistas de Cooper.
Os descrentes, como sempre, não entendem um investimento de tamanho vulto numa região praticamente desconhecida. Somente os marcados pelo senso de retribuição e pelo sentido de participação, podem, como Jônice Tristão, assumir os anseios de uma comunidade.
Não é um investimento cercado pelo imediatismo do lucro. É uma ação que nasce pelo entusiasmo. É um ato desbravador. É a afirmação de quem se sente recompensado por uma existência marcada pelo sucesso empresarial. É um desejo de ser útil e uma manifestação de preocupação social, de afinidade com as carências da gente simples do interior, de homens de pele rubras queimadas pela faina da lavoura, de mãos calosas que fazem a produção e que ainda não perderam a fé no trabalho.
O Albergue da Pedra Azul, centro que polarizará o desenvolvimento da montanha e abrirá novas oportunidades para fixação do homem ao seu meio, é o Prêmio que Jônice Tristão resolveu conceder aos louros imigrantes de que falou Cassiano Ricardo, para juntos desfrutarem os frutos de uma nova semeadura.
A decisão do empresário pode e deve ser encarada, muito mais, como uma efetiva participação social no processo capixaba de desenvolvimento.
O que Jônice Tristão jamais seria capaz de aceitar, sem dúvida, seria a omissão perante os anseios de progresso de Domingos Martins e do Espírito Santo.
Julho de 1984.
Livro: Capixaba, sim. (hoje mais do que ontem)
Autor: J. C. Monjardim Cavalcanti
Compilação: Walter de Aguiar Filho, setembro/2011
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