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Átyla Freitas Lima

Átila Freitas Lima

Na Casa da Memória de Vila Velha, é homenageado com placa denominando “Sala Átyla de Freitas Lima” a esse contador, funcionário da Prefeitura Municipal de Vila Velha, filho de antigo Prefeito dessa cidade, Francisco de Almeida Freitas Lima.

Teve escritório de contabilidade no Beco do Ataíde na Prainha, e vivenciou muitos fatos da cidade que o adotou desde sua infância. Conheci-o ali morando com a esposa Dona Maria, e com seus filhos que me recordo: Sandra, Átila, Cesar, Alita, Sergio, e Ricardo.

Tentou, como me contou, conseguir terreno da Prefeitura onde foi construído o Clube Golfinho, hoje sede da Câmara Municipal, para edificar uma moradia melhor.

Acabou indo para o bairro Olaria, perto da Maternidade, onde construiu espaçosa casa, e nunca deixou de participar do que acontecia na Prainha ou no Centro de Vila Velha. Por certo tempo chegou a trabalhar na Prefeitura de Cariacica.

“Seu Átila” mesmo praticamente cego no final de sua vida, foi um dos fundadores da Casa da Memória de Vila Velha, em 1997.

Um de seus filhos, o Serginho tem em suas mãos coleção de crônicas que seu pai escreveu sobre Vila Velha, a maioria no Jornal da Cidade ( de Vitória) e que de certa vez passei até para “Seu” Átyla ainda em vida, uns recortes que faltavam na referida coletânea, que merece com urgência ser editada como um livro.

Pois bem, transcrevo aqui artigo que saiu na revista Talismã, de sua autoria, da série:

 

Vila Velha dos Bons Tempos

O Cine Ceci do “Seu Tininho” 

Sempre nutri vontade de divulgar os atos pitorescos que se passaram em Vila Velha, na época de nossa infância. Agora lendo em “A Gazeta” um artigo do meu amigo José Luzio, em que ele focaliza um desses fatos ocorridos como o nosso inesquecível “Demi Malcriado”, resolvi por em prática este meu desejo. Assim, pois, dentro das minhas limitações, iniciarei hoje contando uma das passagens mais pitorescas de nossa antiga Vila Velha, e que nós vilavelhenses recordamos com muita saudade.

Lá pelos fins da década de vinte e início dos anos trinta, no tempo ainda do cinema mudo, época em que não havia nenhum meio de divulgação, o proprietário do Cine Cici, “seu” Tinininho , fazia a divulgação, dos filmes a serem exibidos através de um expediente “suigeneris”.

Escolhia uns seis ou oito garotos para percorrerem as ruas da cidade (naquele tempo eram tão poucas) – Rua Luciano das Neves, Castelo Branco, D.Jorge de Menezes, Luiza Grinalda, Rua do Torrão, Padre Carneiro, Antonio Ataíde, Prainha, retornado à Rua 23 de Maio até ao cinema, onde hoje está localizado a sede do PMDB.

Nesse percurso, a garotada ia cantando os dizeres de uma tabuleta, mais um menos assim: É hoje, no Cine Cici, belíssimo drama em sete atos – A marcha para o oeste, com Tom Mix e Lilian Damita; início às sete horas, etc.

À medida que a meninada ia percorrendo as ruas da cidade, contando e anunciando o filme a ser exibido, nós os chamados moleques da classe média (como José Abrahão, Osmar Garoupa, Romero, Silvo, Euclides, Carlinhos Magrelo, Guilherme e Antonio Santos), íamos nos misturando com os outros, e, no final do percurso, ao invés de seis, éramos mais de vinte garotos.

Aí começava a confusão.

Todos queriam ser marcados coma a tradicional cruz no braço, o que lhes garantia uma entrada grátis na sessão da noite. 

Entretanto, Arabelo e Hermínio, responsáveis por tudo, só marcavam com a cruz os garotos previamente escolhidos por eles, e, via de regra, os meninos mais pobres.

E assim, nós ficávamos sempre de fora, isto é, sem direito à entrada grátis.

 A casa onde funcionava o Cine Cici era um salão grande, coberto de zinco.

A geral era separada das cadeiras por uma mureta de um metro mais ou menos de altura.

O local das cadeiras era de assoalho (friso) e a parte da geral era de chão (areia), com us bancos rústicos.

Em se tratando do cinema mudo, o filme era exibido com um fundo musical feito por Tanego e sua senhora Dona Maria José, e , ainda por um garoto de uns treze anos, mais ou menos, o saudoso Waldemar Bouguignon que, carinhosamente, era por nós chamado de Waldemar Cambota.

Quando começava a sessão e iniciava o fundo musical, nós, que não havíamos conseguido uma entrada grátis, íamos para o quintal de José Abrahão e, lá de cima das árvores começávamos a jogar pedra sobre a cobertura de zinco do cinema.

Diante de tanto barulho, e impossibilitado de conter as nossas peraltices, o “seu” Tinininho abria a porta da geral e nos mandava entrar...

- Bons tempos, aqueles.

Átyla de Freitas Lima

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Observações:

- esse cinema depois virou o Cine Careta que funcionou na Rua 23 de Maio, na Praínha, e a seguir sede social do Tupy Sport Clube. Por certa época foi sede do PMDB. Hoje no imóvel funciona uma fábrica de roupas.

- o esquema era de que o garoto que fosse carimbado com uma cruz tinha que colaborar, espalhando a notícia que haveria tal sessão de cinema, e se até na hora não a lavasse, podia entrar de graça para assistir o filme. Daí que Átyla e sua turma queriam ser carimbados, e como a eles era negado essa marca, iam então para a desforra.

Toda vez era a mesma coisa: era só começar a sessão que uma chuva de pedras começava cair, e  eles logo eram chamados para entrarem de graça no cinema.

- Dona Maria José, era a Dona Maria do Bandolim, que conheci muito, e tocou até no surgimento da própria Casa da Memória. Sua família ainda reside na Rua Luiza Grinalda.

 

Autor: Roberto Brochado Abreu – membro da Casa da Memória de Vila Velha, dezembro/2011

 


LINK RELACIONADO:

O primeiro cinema de Vila Velha

 




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