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Vasco Coutinho Filho - Novos engenhos e Progresso

Ilustração: Mônica Mol - Livro: Livro Vila Velha seu Passado e sua Gente, 2002

Com o auxílio de novos braços e capitais, o Espírito Santo conheceu uma quadra de progresso, assinalando-se a construção de alguns engenhos de açúcar(12) e o incremento do comércio direto com Portugal.(13) Rubim diria com justiça: “A Colônia tomou um aspecto mais lisonjeiro”.(14)

Tendo visto sua indústria açucareira reduzida à expressão mais simples,(15) graças ao renascimento do espírito de confiança, em poucos anos a capitania se transformou.

Da visita que lhe fez, em 1584, Cardim colheu animadora impressão. Assim é que, referindo-se aos presentes oferecidos pela gente da terra ao padre visitador, cita perus, vitelas, porcos, vacas, opíparos banquetes comidos nas fazendas, fartura de frutas e “todo gênero de hortaliça de Portugal”. Os jesuítas tinham “uma casa bem acomodada com sete cubículos e uma igreja nova e capaz”. Relativamente à vila de Vitória, a opinião de Cardim coincide com a de Anchieta: “mal situada”, diz o primeiro; “situada em lugar baixo e pouco aprazível”, escreve o segundo.(16)  A sede da capitania tinha “mais de cento e cinqüenta vizinhos, com seu vigário”. Cardim informa, também, que os portugueses possuíam “muita escravaria dos índios cristãos” e que a capitania era rica de gado e algodões, além de seis engenhos de açúcar.(17)

NOTAS

(13) - F. A. RUBIM, Memórias para Servir, 6.

(14) - RUBIM, Memórias, 222.

– ALEXANDRE MARCHANT explica de maneira muito pessoal a situação da capitania na quadra que estamos estudando. Diz ele: “o Espírito Santo era uma verdadeira fênix. Três vezes atacada pelos aimorés, fora finalmente restabelecida por Mem de Sá pouco antes do seu primeiro ataque aos franceses no Rio. Seu restabelecimento fazia parte do seu plano de expulsão dos franceses, pois enquanto trazia homens da Bahia e de São Vicente, não tardou em levar do Espírito Santo todos os seus víveres e suprimentos. De um engenho, a capitania passou a ter seis, e produziu açúcar suficiente para atrair três ou quatro navios por ano para levá-lo a Portugal. Restaurada como foi por Mem de Sá, constituiu um exemplo de seu zelo pela política real de proteção aos índios. Considerável número de índios fora deixado nas proximidades. Alguns, pagãos e cristãos misturados, ao todo dois mil, viviam em aldeias nativas ao longo da costa. Outros, mil e quinhentos a três mil, foram reduzidos pelos jesuítas em aldeamentos. Mais importante é constatar que, embora tivessem os colonos muitos escravos, Vasco Fernandes Coutinho (filho do primeiro donatário), agindo como representante de Mem de Sá, proibiu-lhes outros ataques aos indígenas” (Do Escambo, 174).

(15) - “A Capitania do Spirito Santo está cincoenta legoas de Porto Seguro em vinte graos, da qual he Capitão e governador Vasco Fernandes Coutinho. Tem hum engenho somente, tira-se delle o melhor assucre que ha em todo o Brasil. Pode ter até cento e oitenta vizinhos. Há dentro da povoação hum mosteiro de padres da Companhia de Jesus. Tem hum rio Mui grande onde os navios entrão, no qual se achão mais peixes bois que noutro nenhum rio desta Costa. No mar junto desta Capitania matão grande copia de peixes grandes e de toda maneira, e tambem no mesmo rio ha muita abundancia delles. Nesta Capitania há muitas terras e mui largas onde os moradores vivem mui abastados assi de mantimentos da terra, como de fazendas. E quando se tomou a fortaleza do Rio de Janeiro desta mesma Capitania do Spirito Santo sustentarão toda a gente e proverão sempre de mantimentos necessarios enquanto estiverão na terra os que defendião” (GANDAVO, Tratado, 34-5).

(16) - Informações, 418.

(17) - Tratados, 298-304.

 

Fonte: História do Estado do Espírito Santo, 3ª edição, Vitória (APEES) - Arquivo Público do Estado do Espírito Santo – Secretaria de Cultura, 2008
Autor: José Teixeira de Oliveira
Compilação: Walter Aguiar Filho, maio/2017

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