Biografia do escritor capixaba Jair Santos

Por: Jair Santos
Desde menino acostumei-me a guardar coisas antigas como objetos, fotografias e documentos. Da mesma forma, no que se refere à leitura, sempre preferi os livros de história. Com isso estou querendo justificar a mania que sempre tive de, vez em quando, escarafunchar o antigo arquivo da prefeitura de Vila Velha e as velhas estantes da biblioteca municipal, onde por várias vezes fui surpreendido com achados interessantes.
Constatei que poucos prefeitos deram a devida atenção a esses dois órgãos tão importantes: o arquivo, como um baú guarda relíquias que contam a história do lugar e a biblioteca que, como um farol, ilumina a cidade. Um, a história, o outro, a cultura.
Um dia alguém achou que o arquivo só servia para guardar coisas velhas, ocupando espaços cada vez maiores, e pensou: - Toda essa velharia bem que podia sair daqui. E assim ele foi transferido para um antigo galpão da prefeitura que estava disponível no Ibes. Fui até lá disposto a encontrá-lo e até que não foi difícil, porém me surpreendi. O que vi foi um amontoado de papéis e de coisas velhas muito sujas e empoeiradas. Uma pena!
Por essas e outras podemos contar os administradores que deram atenção à história e cultura da cidade e que ao fim do mandato prestaram contas aos munícipes, registrando, em relatórios ou qualquer outro tipo de documento, suas realizações. Tal gesto representa respeito e agradecimento àqueles que os elegeram.
Ocorreu-me, então, a idéia de colocar no papel tudo o que tenho e sei a respeito de Vila Velha, nascendo daí o projeto do meu primeiro livro “Vila Velha – onde começou o Estado do Espírito Santo”. Como não sou historiador, minha pretensão foi registrar as lembranças e as marcas de alguns acontecimentos que revelam o passado local, como um repórter da história, com a finalidade de não deixar desaparecer essas memórias e estimular os verdadeiros historiadores à pesquisa e produção de trabalhos sobre a cidade. Timidamente falei sobre o projeto com amigos e a partir disso, como fumaça ao vento, a idéia espalhou-se e comecei a receber muitas fotografias, documentos, livros e objetos antigos que viriam a enriquecer o meu trabalho. Fiquei muito surpreso com isso e a realização do livro se tornou irreversível. Eu não imaginava que ainda existissem tantos canelas-verdes autênticos, cheios de confiança e amor por esta cidade.
Sei que muitos já deviam estar pensando que o livro não passava de uma utopia, mas graças à ajuda de Nossa Senhora da Penha e de muitos colaboradores, ele foi publicado. Trata-se de uma homenagem a esta terra que me acolheu no ano de 1932 e onde tenho raízes fortemente consolidadas, embora seja eu alegrense de nascimento, um capixaba sempre dedicado ao trabalho e que valoriza as suas origens, como os conterrâneos das fraldas do Caparaó.
Nota do site: Jair Santos foi homenageado pelo IHGES (Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo) com a Medalha do Mérito Cultural Renato Pacheco aos 84 anos, em 16 de junho de 2010, e está lançando nesse mesmo ano, nova edição atualizada do livro "Vila Velha, onde começou o Estado do Espírito Santo".
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