A Voz do Povo – Por Norbertino Bahiense

Nas visitas ao Convento da Penha, nas festas que ali se realizam há séculos, as manifestações do povo se matizam pelas mais diferentes cambiantes. Acentuam-se pela intensidade da fé, destacam-se pelas expansões da alegria, virtuam-se pelas belezas da simplicidade.
Alguns casos devem ser assinalados. No "O Comércio do Espírito Santo" de 10 de janeiro de 1895, pode-se ler o seguinte convite dos nossos humildes remadores de bote:
"N. S. da Penha"
"Os abaixo assinados catraeiros devotos da Excelsa Virgem que se venera em seu tradicional Convento da Penha deste Estado, mandam celebrar no dia 10 do corrente às 8 horas da manhã uma missa em louvor à mesma Virgem . Cientificam, portanto, aos que não se cansam em comparecer a esses atos, que assinalam a grandiosa homenagem que prestar-se pode a nossa imorredoura religião. Vitória, 8 de janeiro de 1895. Cláudio M. Pinto da Conceição — Francisco Pereira do Rosário".
Em nossas peregrinações, buscando documentação bibliográfica para este livro, encontramos uma curiosa maneira de algo se pedir à Santa. Simplesmente isto: um pedido feito em cartão de visita. Não podendo ir ao Convento, o devoto manda, por um terceiro, um cartão a Nossa Senhora da Penha, pedindo-lhe o que quer. Anotamos dois casos destes. Omitimos os nomes, mas transcrevemos os trechos dos cartões. Um, de São Mateus, diz, após o nome impresso da pessoa:
"Fulano de tal pede a Nossa Senhora da Penha sua divina proteção e auxílio".
Outro, de São João da Barra:
"Fulano de tal pede a Nossa Senhora da Penha que o guie na vida, implorando auxílio para si e sua mãe".
Que santa simplicidade...
Para contrabalançar tudo isso, infelizmente também surgiram, em todos os tempos e como acontece em toda parte, os abusos. As grandes romarias ao Convento, desde quando se formavam as cavalhadas do interior, inclusive de Campos e redondezas, de onde vinham até as bandas de música montadas, — traziam também elementos nocivos, jogadores profissionais, que se instalavam nas redondezas do santuário e armavam as suas arapucas ou formavam as suas mesas de cartas às quais atraíam os fracos.
Tais foram os abusos então verificados que, D. Pedro Maria de Lacerda, em 14 de abril de 1879 expediu uma Pastoral proibindo as Festas da Penha fora do templo.
Fonte: O Convento da Penha, um templo histórico, tradicional e famoso 1534 a 1951
Autor: Norbertino Bahiense
Compilação: Walter de Aguiar Filho, abril/2018
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