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Cemitérios de Vila Velha

Corresponde a esse cemitério desativado exatamente a área asfaltada de traz da Igreja do Rosário, junto da pracinha Capitão Otávio Araújo

O dia de finados sucede a festa católica de Todos os Santos (1º de novembro que já foi feriado federal).

Na maioria das culturas, o cemitério tem um aspecto simbólico enorme, funcionando como um dormitório onde espera-se a ressurreição. Houve época que a Igreja Católica não aprovava a cremação, pois contribuía para com que as pessoas não acreditassem na ressureição, que é um artigo de fé.

Não que ocorreria a ressureição do mesmo corpo, como simplistamente se pensa, mas a crença cristã formula a proposta que todos serão ressuscitados espiritualmente, e para nós os mortais e carnais, os despojos tem um valor simbólico, como disse, muito grande, chegando por exemplo a ser considerado crime o desrespeito a um cadáver humano, um vilipêndio, ou seja torná-lo uma coisa vil, quase sem valor.

Daí a esperança que é depositada na vida eterna, que estimulou até a cultura dos antigos egípicios e de outros povos, a construírem gigantescos túmulos, como também desenvolvessem técnicas de embalsamarem cadáveres.

Na Califórnia, Estados Unidos, pessoas pagam em vida verdadeiras fortunas para serem congelados imediatamente após a morte, para aguardarem a possibilidade de serem ressucitados a tempo de aproveitarem os efeitos de algum remédio que surgir para a doença que os quase matou ao que esperam, ou seja que os levou ao limiar da morte, pois acreditam que o absoluto da morte não se dá imediatamente no momento que a medicina considera o indivíduo morto cerebralmente. Sabe-se que nos Estados Unidos, a indústria dos funerais e dos cemitérios particulares, é um segmento da economia dos mais rentáveis.

Em Vila Velha, no cemitério do Centro, quem for lá sai impressionado, mas fica a critério de quem for avaliar. Ali o visitante internacional mais ilustre, foi a do Premio Nobel da Paz, o sul africano Nelson Mandela, que foi no funeral de Dona Normília, mãe do então Governador Albuíno Azeredo.

Na Prainha, os moradores no período colonial, faziam questão de serem enterrados dentro da Igreja do Rosário ou ao seu redor, tanto assim que qualquer escavação que ali se faça, acha-se fragmentos de ossos humanos, como se deu na grande reforma de 1990, dos quais sou testemunha.

Tenho palpite, que ao se escavar onde existia uma puxada da Igreja do Rosário, conforme vê-se em foto de 1910, onde tudo indica que funcionou o embrião da Santa Casa de Misericórdia, (que hoje funciona em Vitória), vai se achar a arca que o então Donatário Gil Araújo mandou dar sepultura definitiva aos ossos de Vasco Fernandes Coutinho, o primeiro donatário da Capitania do Espírito Santo.

Pelo lado de fora e até na frente da Igreja fazia-se enterramento, tanto assim que numa escavação ocorrida por volta de 1920 achou-se um “dólman” encerado em bom estado, de algum militar que ali fora enterrado. Em meados do século XIX não cabia mais ninguém dentro da Igreja, tanto assim que o então Presidente da Província do Espírito Santo, o Costa Pereira, diz em seu relatório que o mal cheiro era insuportável dentro da Igreja do Rosário, dado a que os enterramentos eram feitos em cova rasa, e tanto assim concedeu uma verba para que se murasse uma pequena área nos fundos da igreja e fazer surgir ali um cemitério.

Havia uma exigência de que os cemitérios não podiam deixar de ser cercados, pois viam nisso também um vilipêndio. Animais pastando entre os túmulos sempre foi mal visto em todo o país. O muro foi feito, e é visto também na foto acima citada.

Corresponde a esse cemitério desativado exatamente a área asfaltada de traz da Igreja do Rosário, junto da pracinha Capitão Otávio Araújo, em frente da Casa São Vicente de Paulo. Mas logo esse cemitério ficou pequeno, e começaram a enterrar onde hoje é em parte a Praça Duque de Caxias, englobando a quadra que fica entre a rua Cabo Ailson Simões e a rua Coronel Sodré.

Pessoas de mais idade falam que na infância e juventude brincavam por ali, deparavam nos quintais de restos de túmulos, denotando que nem todos enterramentos foram transferidos para o cemitério que surgiu na rua Coronel Sodré.

Até hoje quem faz escavação para construir alguma coisa na área acima citada, costuma achar alguns ossos humanos. O cemitério da Prainha, dizendo assim, foi arrasado no tempo do Prefeito Eugenio Queiroz, sendo que fala-se que muitos ossos de já desconhecidos e sem descendentes vivos, foram lançados em aterros pelo lado do Cercadinho.

Sempre que cavavam para construir alguma coisa na praça referida, ao longo de anos seguintes achavam-se ossos humanos, e até crânios, com os quais moleques brincavam acendendo vela e colocando-os por cima de muro a noite para fazer medo as crianças e transeuntes.

Nesse meio tempo quando Antonio Ataíde foi prefeito municipal, houve a questão do Morrinho, já que a municipalidade queria fazer nas fraldas do Morro do Convento um cemitério no trecho que existe o sítio de Padre José. A questão foi resolvida na Assembléia Legislativa, ficando o morro do Convento intacto, por influência do Bispo D. Fernando que era irmão de Jerônimo Monteiro e de Bernardino Monteiro, então chefes políticos.

O cemitério do Centro de Vila Velha teve uma expansão a custa de desapropriação, e o de Santa Inês foi murado na gestão de Gil Veloso. Com a superlotação dos cemitérios públicos, foi viabilizando o surgimento dos cemitérios parques, daí o da Ponta da Fruta, datado dos últimos decênios do século XX, que foi seguido pelo público municipal, vizinho a esse.

Na Prainha, quando construiu o edifício do Centro Jurídico, na escavação para execução das fundações acharam ossos humanos, que motivou matéria jornalística na Capital, até restos de sambaqui foram encontrados no local. Sambaqui são monturos de ostras de resto de alimentação de indígenas, que aproveitavam muitas vezes e faziam enterramentos nesses locais.

Na região do manguezal de Aribiri fatalmente será encontrado algum sambaqui, até com ossada de indígenas. O Sambaqui próximo da Barrinha em Vila Velha, junto da foz do Rio da Costa, foi destruído, bem como o que existia onde é hoje o bairro Novo México conforme consta.

Atualmente Vila Velha tem os seguintes cemitérios :

- o do Convento da Penha – privado, hoje ao redor da Capela de São Francisco, no Campinho, com dois frades já lá enterrados, sendo um deles o falecido Frei Aurélio Stulzer, OFM, caterinense de Jaraguá do Sul, , que chegou seu Diretor da Vozes, e que por aqui atuou de 1980 até falecer em 1994.

- o municipal do Bosque – entre São Torquato e o Bairro Alvorada.

- o municipal do Centro de Vila Velha, com entrada pela na rua Coronel Sodré e fundos para com a rua Araribóia.

- o municipal da Barra do Jucú.

- o municipal da Ponta da Fruta, o mais novo, que surgiu por de traz do Cemitério Parque da Ponta da Fruta.

- o particular, Cemitério Parque da Ponta da Fruta, que já conta com crematório.

 

Por: Roberto Brochado Abreu. Membro da Casa da Memória de Vila Velha. (18/11/2009)

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