Meio-Fio - Tipos Populares de Vitória

Chamava-se Francisco Soares Pedrosa. Alagoano. Passou a viver em Vitória a partir de 1940, vindo não sei de onde. Andava, invariavelmente, de terno branco, amarfanhado, com jornais enfiados nos bolsos do paletó. O chapéu, de palha do Chile, já muito desbotado pelo tempo, ele o trazia na mão, não se preocupando, assim, em esconder as orelhas, parcialmente decepadas. Diziam-no portador de razoável instrução. Teria sido guarda-livros, quando moço. Porque portador de defeito numa das pernas, caminhava quase sempre, - certamente para disfarçar o desequilíbrio das passadas -, com um pé no passeio e outro na rua, daí o apelido de Meio-Fio. Às vezes, aparecia com um dos pés enfaixados, apoiando-se em bengala antiga, dessas de biqueira de aço.
Quando alguma pessoa lhe apontava o defeito, se já era sua conhecida, limitava-se a lamentar a "falta de educação moral e cívica dos homens de hoje", sendo que, caso contrário, esbravejava, irritadíssimo.
Era branco, pálido, de rosto miúdo, "pele de tuberculoso, seca, áspera, com manchas cor de ferrugem", a barba sempre por fazer. Trazia, dia inteiro, ao canto da boca murcha, retorcida, um cigarrilho salivado, raramente aceso. Não era de fazer gaiatices. Gostava, isto sim, de conversa a porta dos bares, com os que lhe fingiam atenção, narrando a estes “imaginários episódios de sua participação na Revolução Constitucionalista de 1932" Não mendigava. Receberia proventos de aposentado?
Foi assassinado, covardemente, em Vitória, no mercado da Vila Rubim, em madrugada de janeiro de 1962, por marginais vindos de fora, que o pisotearam até deixá-lo em estado de coma, os mesmos que, antes, lhe haviam tomado a carteira de notas. Faleceu na Santa Casa de Misericórdia.
Fonte: Velhos Templos e Tipos Populares de Vitória - 2014
Autor: Elmo Elton
Compilação: Walter Aguiar Filho, fevereiro/2019
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