Lágrimas em frente ao Mercado São Sebastião
Na tarde de 6 de março de 1965, eu andava despreocupadamente pelas ruas da nação de Jucutuquara. Apesar de ter morado lá a maior parte da minha vida, cada passeio era uma descoberta para mim. A maior de todas, foi quando passei em frente ao mercado São Sebastião. Tive a impressão que algo me mandou olhar para o alto de seu portão para descobrir que uma das construções mais tradicionais de Vitória tinha a mesma idade que eu; ambos somos de 1949. Veja só! Eu, um simples capixaba, da mesma idade que uma das mais importantes "estrelas" da nossa capital! Eu era só alegria até descer meu olhar para a calçada em frente. Aí tudo se transformou numa imensa tristeza, numa imensa decepção. Uma senhora e duas garotinhas, chorando, pediam esmola. Minha maior frustração foi perceber que não tinha uma única moeda para lhes dar. Não que o meu gesto fosse resolver o problema delas, mas seria um SIM onde a vida tantas vezes disse NÃO.
Várias pessoas que por ali passavam, e eu conhecia a maioria delas, eram pessoas de recursos, que poderiam ter ajudado e nada fizeram.
O bairro cresceu, foi descaracterizado pelo progresso. Eu cresci com aquela imagem gravada em minha mente, constatando, dia após dia, que os que nada tinham continuam tendo nada, que desde muito, mas muito tempo mesmo, o Clube dos Sofredores da Renda Mal Distribuída só faz aumentar neste país. E o pior é que, por amor a Jucutuquara, vou continuar passando por suas ruas e certamente vou perder a conta de quantas vezes mais eu verei a súplica dos pedintes se transformando em lágrimas em frente ao mercado.
Fonte: Escritos de Vitória 11 – Mercados e Feiras – Secretaria Municipal de Cultura e Turismo – PMV – 1995
Autor do Texto: Hércules Dutra De C. Filho
Compilação: Walter de Aguiar Filho, março/2019
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