Morre o segundo donatário e assume sua esposa
Vasco Fernandes Coutinho (filho) faleceu em 1589,(40) sucedendo-lhe na direção da capitania sua viúva, D. Luísa Grinalda, que nomeou seu adjunto no governo o capitão Miguel de Azeredo.(41)
A administração de Coutinho (filho) distinguiu-se, principalmente, pelo sentido de estabilidade que imprimiu ao senhorio. Foi durante sua gestão, graças à paz e sossego reinantes, que os habitantes conseguiram fixar-se, em definitivo, na terra e demonstrar, pela construção de engenhos, desenvolvimento efetivo da catequese e levantamento da igreja dos jesuítas – para apontar tão somente três expressivas demonstrações de desejo de fixação na gleba – confiança no futuro e preocupação de continuidade na nova pátria.
Meses após a morte do segundo Vasco, chegaram à capitania os dois primeiros frades franciscanos – Antônio dos Mártires e Antônio das Chagas – que, pouco depois, iniciavam a construção, em Vitória, do convento de S. Francisco.(42)
No mesmo milésimo, os beneditinos padre frei Damião da Fonseca e irmão Basílio vieram da Bahia com o intuito de fundar, na Vila Velha, um mosteiro da sua ordem. Acolhidos benevolamente, “seospedaraõ emcaza de D. Luiza Grimalda, Capitoâ, e Governadora dela”. Dois anos mais tarde, obtinham “huma sorte deterras” na vila da Vitória, onde pretendiam “fundar outro Mosteiro”.(43)
NOTAS
(41) - MÁRIO FREIRE registrou “Miguel Antônio de Azeredo” (Capitania, 36).
(42) - Segundo a tradição, Vasco Coutinho (filho), impressionado com as noticias do zelo com que os franciscanos trabalhavam nos conventos e missões do norte do Brasil, pediu ao custódio daquela Ordem, então na Bahia, a vinda de alguns religiosos para o Espírito Santo. Atendido, não coube ao donatário assistir à chegada dos padres a seu senhorio.
Receberam-nos, festivamente, as pessoas mais distintas da terra: a governadora e seu adjunto, o “vigário desta Vila da Vitória, e ouvidor da vara nesta Capitania” padre Francisco Pinto, Marcos de Azeredo etc. Depois de nobre contenda sobre quem hospedaria os recém-vindos, coube a Marcos de Azeredo a disputada honraria. Mais tarde, transferiram-se para uma pequena casa provisória que edificaram, até que, em 1591, começaram a construção do convento definitivo, em terreno doado à Ordem por escritura assinada pela governadora, seu adjunto e a Câmara (da vila da Vitória) (RÖWER, O Convento, 34 ss).
(43) - Notícias Verdadeiras, 56. – Nova sesmaria conseguiram os beneditinos em 1594, conforme atesta o seguinte assentamento: “Em vinte e quatro de Maio de 1594 pedio o Ir. Fr. Bazilio e lhe foi dada por sesmaria pela dita D. Luiza Grimalda (Capitoâ, egovernadora com o seu adjunto Miguel de Azevedo huma ilha na mesma Vilha Velha que fora de d.ª Senhora, e estava no Campo. Nasua petisaõ diz o dito Irmaõ que ele fora com o Padre Fr. Damião em 1589 edificar o Mosteiro na dita villa tendo já caza que foi dadita D. Luiza” (Notícias Verdadeiras, 57).
Fonte: História do Estado do Espírito Santo, 3ª edição, Vitória (APEES) - Arquivo Público do Estado do Espírito Santo – Secretaria de Cultura, 2008
Autor: José Teixeira de Oliveira
Compilação: Walter Aguiar Filho, junho/2017
O navio em que Coutinho regressou ao Brasil tocou em Pernambuco e, com certeza, era de sua propriedade
Ver ArtigoCoube a do Espírito Santo, descoberta em 1525, a Vasco Fernandes Coutinho, conforme a carta régia de 1.º de junho de 1534
Ver ArtigoEnfim, passa da hora de reabilitar o nome de Vasco F. Coutinho e de lhe fazer justiça
Ver ArtigoTalvez o regresso se tivesse verificado em 1547, na frota mencionada na carta de Fernando Álvares de Andrade, ou pouco depois
Ver ArtigoConcluo, dos nobres que aportaram à Capitania do Espírito Santo, ser ela a de melhor e mais pura linhagem
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