Morro do Moreno: Desde 1535
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Resumo histórico do Convento da Penha

Nossa Senhora da Penha

A VINDA DE FREI PEDRO PALÁCIOS AO BRASIL. — Foi em 1558. Num dia de outono, chegava à então Capitania do Espírito Santo Frei Pedro Palácios, Irmão Leigo da Ordem de São Francisco. Frei Palácios era espanhol, natural de Medina do Rio Seco, perto de Salamanca. Sentindo-se chamado ao estado religioso, Frei Pedro Palácios tomou o hábito franciscano na Província espanhola de S. José de Castela; mas pouco depois incorporou-se na da Arrábida de Portugal, onde serviu alguns anos no hospital de Lisboa, assistindo, qual outro Francisco, aos doentes com grande amor e caridade.

Naquele tempo muita gente vinha para o Brasil. Uns eram povoadores, a outros levava a sede de riquezas, mas outros demandavam o novo Continente estimulados pela santa ambição de salvar almas. Frei Palácios, apesar de já provecto em idade e de simples Irmão leigo, quis pertencer ao número destes últimos. Acariciava também o desejo de, longe do convívio humano, viver uma vida solitária, em oração e penitência. Pedida, pois, a licença do Superior, Frei Palácios embarcou num navio que se dirigia ao Brasil, saltando primeiramente na Bahia. Aí se fez coadjutor dos Jesuítas, visitando as Aldeias e administrando o batismo em caso de necessidade.

FREI PEDRO PALÁCIOS EM VILA VELHA. – Não sabemos quanto tempo durou a sua estada na Bahia. Em 1558, – assim reza a constante tradição, –  o irmão franciscano dirigiu-se à Capitania do Espírito Santo, aportando o navio em Vila Velha. A darmos crédito a uma venerável tradição local, o homem de Deus ter-se-ia estabelecido então debaixo de uma saliência da rocha, situada ao sopé da montanha, junto à praia, ao lado esquerdo de quem entra pelo atual portão da ladeira. Ainda hoje é conhecida por "Gruta de Frei Palácios", e, desde 1864, é assinalada por uma lápide comemorativa que ali mandou colocar o último guardião Frei Teotônio de S. Humiliana. Nesta gruta teria morado o santo franciscano por 8 para 9 anos, entregue à oração e à penitência, pregando pelo exemplo e pela palavra, e reconduzindo as almas aos bons costumes e à prática dos deveres religiosos.

A CAPELINHA DE S. FRANCISCO. — Talvez não tenha sido a mencionada gruta a morada permanente de Frei Palácios, visto haver outra tradição, seguramente bem mais fundada, segundo a qual Frei Palácios, tendo descido do navio que o trouxera da Bahia a Vila Velha, construiu para si uma cabana na montanha, ao sopé da rocha (e não da montanha), onde foi encontrado, dias depois, por seus ex-companheiros de viagem já instalados na região, e que, saudosos da companhia de tão santo religioso, buscaram-no ansiosos durante três dias. Descoberto, afinal, rogaram-lhe que descesse ao povoado a pedir esmola para o seu sustento e tudo o mais de que precisasse. Porém, não querendo Frei Palácios descer da montanha, pediu aos moradores lhe quisessem construir uma capela na planura ao pé da rocha. Fizeram-no, e ele dedicou-a a S. Francisco, colocando sobre o altar o painel de Nossa Senhora e a imagem de S. Francisco. O painel da Virgem, de surpreendente beleza artística, louvada até por renomados artistas, conserva-se até hoje na parede, à direita do púlpito do atual Santuário da Penha. A capelinha de S. Francisco ainda ali está, decentemente restaurada no lugar denominado "Campinho".

A ERMIDA DE N. SENHORA. — Não consta precisamente quando Frei Palácios deu começo à construção de uma ermida de Nossa Senhora no cume do rochedo. As origens de sua construção parecem envolvidas pela lenda. O certo é que Frei Palácios construiu no cume deste morro a ermida de Nossa Senhora que deu origem ao célebre Santuário atual. Moveu-o a isto sua devoção especial para com Maria Santíssima, e a pequenez da capelinha de S. Francisco levantada no começo do penedo que serve de coroa ao monte.

A IMAGEM DE NOSSA SENHORA DA PENHA. — Depois de árduo labor e ásperas penitências, estando para findar a missão de Frei Pedro Palácios na terra, cuidou ainda de obter para a ermida de Nossa Senhora uma bela imagem de vulto. Encomendou-a em Portugal, e quando veio, esculpida em madeira, colocou-a com muito amor e alegria no altar, substituindo o painel.

MORTE DE FREI PEDRO PALÁCIOS. — A morte do servo de Deus se deu em 1570. Com muita instância rogava ele a Deus que não o levasse antes de celebrar mais uma vez a festa de sua amada Padroeira. E foi ouvido. Na semana da Páscoa desceu, como de costume, à vila para dar boas festas a seus benfeitores, e, sendo perguntado quando voltaria, respondeu que lhe parecia não voltar mais. Na segunda-feira, depois do domingo de Pascoela, celebrou a festa de Nossa Senhora, como era então costume na Ordem Franciscana, e na quarta, dia 2 de maio, foi encontrado morto na ermida de S. Francisco, de joelhos, encostado ao altar, mãos postas como em devota oração.

DOAÇÃO DA ERMIDA AOS FRANCISCANOS — Depois da morte de Frei Pedro Palácios, a ermida de Nossa Senhora da Penha ficou a cargo de alguns devotos e amigos do falecido, que se incumbiram de sua conservação. Continuavam também as romarias da parte do povo em geral e, em particular, dos navegantes a pedir ou agradecer a Nossa Senhora boa viagem. Contudo, o movimento religioso não podia ser grande, por faltarem os sacerdotes que permanentemente se encarregassem do culto e atendessem às necessidades espirituais dos romeiros. Esta situação precária durou dois decênios, isto é, até o ano de 1591, quando as Autoridades de Vila Velha e Vitória decidiram entregar a Capela da Penha aos Franciscanos. E fizeram-no por escritura legal.

A CAPELA DA PENHA ATÉ A FUNDAÇÃO DO CONVENTO. — Desde então, os filhos de S. Francisco incumbiram-se do culto, aumentaram a cape-la e transformaram-na em o célebre Santuário. E tanto amor tinham os frades a Nossa Senhora, que muitos religiosos pediam aos Superiores licença para concluir seus dias no Santuário. Nos anos de 1639 a 1643 Fr. Paulo de S. Antônio reformou toda a Capela, fazendo da existente a Capela-mor. Levantou, em seguida, o corpo da igreja e ampliou a pequena sacristia de então. Desde então a Capela da Penha tem o feitio que ela hoje apresenta.

A INVESTIDA FRUSTRADA DOS HOLANDESES. — No tempo das conquistas holandesas, a Capitania do Espírito Santo sofreu diversos assaltos. Tanto em 1625 como em 1643 os portugueses saíram vencedores, não sem a cooperação dos Franciscanos. Também o Santuário da Penha sofreu investidas dos holandeses. Na primeira delas, como vem referido pelo historiador Frei Jaboatão, os holandeses, desembarcados em Vila Velha, preparavam-se para atacar a cidade quando, diante de seus olhos, o Santuário foi-se transformando em castelo, cercado de fortes muralhas e defendido por um esquadrão de soldados. Do monte descia muita gente a pé e a cavalo, todos fortemente armados. No morro, entretanto, não ficara pessoa alguma, e a própria imagem havia sido previamente removida para o Convento de S. Francisco de Vitória. A vista deste espetáculo, aterrados, os holandeses fugiram desordenadamente e recolheram -se às suas naus. Foram, porém, acometidos por um pequeno grupo de moradores, que lhes mataram uns quarenta homens.

CONSTRUÇÃO DO CONVENTO. — Até o ano de 1648, os frades haviam trabalhado tão somente para o engrandecimento da Casa de Nossa Senhora. Eles próprios contentavam-se, como pobres de Cristo, com modesta moradia. De 1649, porém, começaram a pensar seriamente na construção de um conventinho, com que ficaria melhor garantida também a posse do santuário para o futuro. Frei Francisco da Madre de Deus, Irmão leigo franciscano, nomeado superior da novel Casa, dedicou-se com todo o afinco a esta obra. Em fins do ano de 1651, com efeito, era lançada a pedra fundamental.

SAQUE DO SANTUÁRIO PELOS HOLANDESES. Era ainda Superior do Santuário da Penha e trabalhava ativamente na construção do Convento o Irmão leigo Frei Francisco da Madre de Deus, quando o Santuário foi saqueado pelos holandeses, que haviam conseguido estabelecer-se no norte do país. Na sua última investida contra o Espírito Santo, em 1653, deu-se a pilhagem sacrílega do Santuário da Penha, que passaremos a narrar.

Informados por um português, souberam os invasores que no Santuário havia muitas preciosidades, em ouro, prata e ornamentos. Foi o que lhes atiçou a cobiça. Certa madrugada, estando Frei Francisco da Madre de Deus em devota oração diante do altar da Senhora e com as portas do Santuário abertas, os soldados invasores invadiram todo o terreno. Alguns religiosos fugiram, outros foram presos junto com oito escravos. Frei Francisco da Madre de Deus ficara imóvel, embora ouvisse o estrondo das armas. Aproximando-se os inimigos, roubaram todas as preciosidades da sacristia e do altar, sem, entretanto, molestar o devoto religioso. Quando, porém, tentaram tirar a coroa e o manto da Imagem, levantou-se, pedindo que não cometessem a profanação, que ele mesmo os tiraria. E assim fez, entregando a coroa e o manto aos soldados, com muitas lágrimas e sentimento de seu coração. Como o português se atravesse a apossar-se do Menino-Deus, protestou Frei Francisco, dizendo que o deixasse ou levasse também a ele. Ao que o malvado retorquiu que levaria o Menino para Recife, para brincar com o outro que lá tinha, e com ar de mofa acrescentou que o frade podia ficar para acabar a obra de construção, pois tudo estava muito bonito. A isto, tornou o Religioso: "Vai-te embora e lá verás como os brincos te hão de custar caro; e este será o último atrevimento dos teus companheiros no Brasil, porque só isto faltava por teus pecados para castigo teu e dos demais". Os holandeses partiram, carregando todas as preciosidades. Dirigiram-se em seguida a Cabo Frio, onde tentaram abastecer-se de gado que estava na praia. Mas nisso foram impedidos pelos índios e alguns deles mortos. Fugiram então com toda a pressa. Poucos dias depois de chegarem ao Recife, terminou o domínio holandês no Brasil. E tudo quanto haviam levado do Santuário lhe foi restituído. (O fato narrado encontra-se na obra do já citado historiador Frei Jaboatão). Para completar diremos ainda que o virtuoso Irmão leigo Frei Francisco da Madre de Deus foi substituído no superior ato em 1653, vindo a falecer um ano depois com fama de santidade.

TERMINADAS AS OBRAS DO CONVENTO - O Conventinho teve sua construção rematada em 1660. Daí por diante, pode-se dizer que o Santuário e o Convento estiveram continuamente necessitando de reparos. A posição no alto do monte, batido incessantemente pelos ventos, e o ar salitrado deviam exercer a sua ação deletéria sobre o material desagregando-o e apodrecendo-o. Por isso, em quase todos os relatórios dos Guardiães que chegaram até nós fala-se em consertos. Em geral, consertos de pouca monta. Mas houve-os também de maior vulto, inclusive um aumento notável do prédio, levado a efeito pelo ano de 1750. Nesta data construiu-se mais um corredor com celas, em plano inferior, mais comprido que o de cima, e com quinze janelas para o mar. Ingentes devem ter sido as dificuldades a vencer para colocar esta mole sobre os flancos quase verticais do rochedo.

SANTUÁRIO E CONVENTO SOB A ADMINISTRAÇÃO DA MITRA

FRANCISCANOS REASSUMEM. — Em 1855 o Governo Imperial expediu decreto visando a extinção das Ordens Religiosas do Brasil. Em conseqüência desse decreto o número de Religiosos da Província franciscana do sul do Brasil, a que estava agregado também o Santuário e o Convento da Penha, foi diminuindo gradativamente até restar um único representante: Frei João do Amor Divino Costa. Em vista deste estado de coisas a S. Sé, em 1898, confiou à Mitra diocesana a administração do Santuário e do Convento da Penha. O Convento viu-se, então, transformado em seminário diocesano, cujos sacerdotes, além de professores, prestavam assistência espiritual aos fiéis, que, em grande número, continuaram a freqüentar o Santuário. Datam desse período (1898 a 1942) os diversos quadros históricos pintados pelo famoso pintor Benedito Calixto que ora ornam a galeria, ou seja, o corredor que separa o Convento do Santuário.

No ano de 1942, o Bispo da Diocese do Espírito Santo D. Luís Scortegagna, querendo dar maior incremento religioso ao Santuário da Penha, convidou os Padres Franciscanos a reassumirem o serviço religioso do Santuário.

SAGRAÇÃO DO SANTUÁRIO. — Por estranho que pareça, em tantos séculos e existência o Santuário nunca fora consagrado. A cerimônia da sagração solene realizou-a o então Bispo diocesano de Vitória, José Joaquim Gonçalves em maio de 1953.

O MOVIMENTO RELIGIOSO DO SANTUÁRIO. — Já vimos que o estabelecimento permanente dos Religiosos no Santuário veio incrementar a afluência de romeiros. Sobre tal movimento escrevia por volta de 1730 Frei Apolinário, franciscano da Província do sul do Brasil, que em seu tempo Nossa Senhora continuava a operar prodígios; e acrescenta piedosamente que por este motivo "concorrem os habitantes de todos os Estados a visitar a sua sagrada Imagem, uns a pedir, outros a agradecer". O mesmo poderiam dizer os franciscanos das gerações seguintes, até os dias presentes.

A FESTA DA PENHA. — Contudo, há um dia do ano que a afluência dos devotos atinge cifras formidáveis: é o dia da Festa da Penha. O dia escolhido por Frei Pedro Palácios para celebrar a festa da santa Padroeira era a segunda-feira depois da dominga da Pascoela, dia consagrado, naquele tempo, à devoção franciscana de Nossa Senhora das Alegrias. Foi também a época de sua morte, pois faleceu na quarta-feira, depois de celebrar a festa na segunda. Cedo se vulgarizou a Festa da Penha de Vitória, que atraía uma multidão de gente. Ao auge de pompa exterior chegaram as festas em meados do século passado. Conta Gomes de S. Neto que a cidade de Vitória e Vila Velha se esvaziavam, todos querendo subir a montanha para venerar a Mãe de Deus; faltar era considerado quase um pecado. "Desde a véspera iluminava-se a igreja e o Convento, interior e exteriormente. Acendiam-se fogueiras em alguns pontos do "Campinho", ou sítio das casas dos romeiros: e colocavam-se lampiões e vasos de barro com luzes na ladeira de distância em distância, ficando mais aproximados da capela do S. Bom Jesus para cima. Ninguém, por mais pobre que fosse, deixava de pôr luminária na frontaria de sua casa."

Um grande incentivador das festas da Penha foi no século passado o franciscano Frei João Nepomuceno Valadares, natural de Vitória. Destacou-se, também este frade como restaurador inteligente do Santuário e do Convento, realizando em ambas as partes obras de grande vulto nos anos de 1853 a 1862. Faleceu em 1865, sendo enterrado, na presença de muito povo, numa parede interna do Convento de S. Francisco de Vitória, bem em frente à porta da sacristia. A memória de Frei João Nepomuceno permanece ainda viva nos habitantes do Espírito Santo.

O MILAGRE DA SECA. — Além dos episódios maravilhosos já relatados quando da invasão dos holandeses, destaca-se o seguinte, ocorrido no ano de 1769, e reproduzido em tela pelo célebre pintor Benedito Calixto. Uma grande seca assolava toda a capitania do Espírito Santo, de efeitos calamitosos, secando as águas dos rios e provocando a fome entre os habitantes. Multiplicaram-se então as preces públicas, mas os reservatórios do céu continuavam trancados. Fato curioso, enquanto as matas em redor da vila definhavam por falta de umidade a vegetação do morro da Penha apresentava o seu antigo verdor, fenômeno este que despertou a atenção e a confiança dos moradores. Lembraram-se então de recorrer à intercessão de Nossa Senhora. Resolveram, pois, organizar uma procissão, trazendo a imagem da Penha à igreja do Convento de S. Francisco de Vitória. Transportada numa lancha ricamente enfeitada, como relatam os cronistas da época, e acompanhada, pelas autoridades civis, militares, Ordens religiosas, Irmandades e toda a população, chegou a Vitória, sendo saudada pelas salvas da fortaleza e pelo bimbalhar festivo dos sinos. Apenas recolhida na igreja a procissão, toldou-se de nuvens o céu até então ensolarado, e as águas desceram copiosamente.

A SANTA VIDA DE FREI PEDRO PALÁCIOS. — Já ouvimos alguns dados sobre a vida santa que levou Frei Palácios até sua morte ocorrida no dia 2 de maio de 1570. Vão aqui mais alguns traços sobre o fundador do Santuário da Penha.

A ermida ou capelinha de S. Francisco era a moradia habitual do servo de Deus. Nela entregava-se aos exercícios de penitência e oração. As poucas horas que dormia, passava-as deitado sobre uma tábua. Cobria-se somente com seu remendado hábito e o degrau do altar servia-lhe de travesseiro. Os únicos companheiros eram um gato e um cão que, imitando a S. Francisco, chamava de irmãos.

Frei Palácios deixava a ermida somente por motivos religiosos ou para pedir as suas esmolas. Todas as tardes descia para reunir o povo em redor de um pavilhão ou dossel que levantara em cima de um grande bloco de granito, no qual colocava o painel de Nossa Senhora das Alegrias da Penha trazido de Portugal. Rezava com os assistentes o terço e instruía-os nas verdades principais da Religião. 

Indo a Vila Velha ou desembarcando no porto de Vitória, dirigia-se primeiro à matriz, onde permanecia longo tempo em devota oração. Depois procurava o vigário, tomava-lhe a bênção e pedia licença para esmolar e dar doutrina às crianças. Quanto ao primeiro, contentava-se com o suficiente para si ou para outros pobres, e nunca aceitava mais, mesmo quando os benfeitores insistiam.

A doutrina, dava-a Frei Palácios, percorrendo as ruas de ambas as vilas, vestido de sobrepeliz, com a cruz na mão. Depois ajuntava as crianças, explicava-lhes os mistérios da fé, e na próxima ocasião tomava-lhes a lição, premiando os aplicados com alguma palavra de louvor.

Com especial amor dedicava-se o santo Religioso à catequese dos índios, em cujas aldeias costumava demorar alguns dias. "Era este um dos maiores empregos de seu abrasado e apostólico zelo", no dizer de Frei Jaboatão. E o ven. Pe. José de Anchieta, sabendo quanto o franciscano trabalhava na conversão do Gentio, sendo um dos primeiros a visitar as aldeias do interior, chamava-o de "Varão evangélico que viveu e morreu santamente".

Além destas verdadeiras missões, o Irmão franciscano ia às povoações e engenhos da vizinhança com colonos portugueses para beneficiá-los também com a sua pregação. Sem temor censurava-lhes duramente a falta de cumprimento das obrigações cristãs e a facilidade com que os colonos juravam.

Numa dessas povoações, chamada Taquari, queixavam-se os moradores de grande mortandade, principalmente entre as crianças, por ser o sítio insalubre. Frei Palácios recomendou-lhes que fizessem uma capela dedicada a S. Francisco e Deus deles teria misericórdia. Fizeram-na e as febres cessaram.

OUTROS FATOS EXTRAORDINÁRIOS ATRIBUÍDOS A FREI PALÁCIOS. — Além deste caso, houve diversos outros que atestam o dom de milagres e o espírito profético com que Deus dotara o seu fiel servo. Entre os fatos extraordinários ale-gados no processo de canonização de Frei Palácios, introduzido no pontificado de Paulo V, em 1616, citaremos os que seguem.

Trabalhava-se na construção da ermida de Nossa Senhora, quando um dos operários, caindo dos andaimes, parecia iria despedaçar-se rolando pela rocha abaixo. Mas a voz imperiosa do servo de Deus "Pára" e uma súplica fervente fizeram com que se detivesse na íngreme ladeira o infeliz, até que alguns homens robustos o pudessem salvar.

Diz-se ainda que por ocasião de uma seca geral, faltando água no cume do rochedo, ajoelhou-se Frei Palácios sobre a dura rocha em humilde oração, e dentro em pouco viu-se borbulhar o precioso líquido.

Possuía também, como já vimos, o dom profético. Predisse, por exemplo, a sua própria morte e muitos outros fatos, que vêm referidos na obra intitulada "Orbe Seráfico", do historiador franciscano Frei Jaboatão.

PARA LOUVOR E GLÓRIA DE MARIA.

AMÉM!

 

Impresso(sem data): Novena em louvor a N. S. da Penha
Compilação: Walter de Aguiar Filho, março/2016

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