Arrabaldes de Vitória - Os 10 mais frequentados por Eurípedes Queiroz do Valle
Arrabaldes de Vitória - Os 10 mais frequentados por Eurípedes Queiroz do Valle
1) Aribiri. Origina-se de areberi ou aribiri diminutivo de arabé, barata pequena ou baratinha. E também denominação dada a um peixe pequeno conhecido por alambari ou lambari. Aribiri vem a ser, assim, lugar de barata pequena ou de baratinhas.
2) Arapiranga. Deriva do elemento ara, papagaio, el puranga ou piranga, vermelho ou avermelhado. É assim lugar de papagaios vermelhos. Com a mesma denominação existe um outro bairro na cidade de Cachoeiro de Itapemirim.
3) Capixaba. Antigo arrabalde de Vitória, hoje incorporado à zona urbana da cidade. Primitivamente a expressão significava o habitante desse arrabalde. Passou depois a significar os que nascessem em Vitória. Hoje é dado a todo espírito-santense. Várias são as opiniões dos tupinólogos e estudiosos do assunto sobre a origem desse vocábulo. O Des. Fortunato Ribeiro afirma, verbi gratia, que o nome primitivo era Copi xaba pois que deriva de cupi ou copi que significa capinar, roçar, limpar e que portanto capixaba tem o sentido de “roçado” (Estudos Tupinológicos Boletim do Rotary de Vitória -Centro- números diversos de 1965 e 66). O Prof. Bernardino de Souza dá como significando “sítio onde se levantaram as primeiras roças de milho e feijão na Ilha de Vitória” (Onomástica Geral da Geografia Brasileira). Salvador. Bahia. Edição de 1927). O Prof. Elpídio Pimentel explica, por sua vez que o topônimo” “Capixaba” significa, por extensão, na língua portuguesa, lavrador, agricultor. E dá como raízes etimológicas as seguintes:- caa mato, pi pele, cha ou xa eu e hab torcer que se traduz por “arranco a pele do mato, limpo o terreno, capino” (Rev. do Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo n° 9, maio de 1935, Pág. 37). O engenheiro Dr. Francisco Antônio de Atahyde assegura “que o vocábulo tem o valor semântico de “lavoura de milho em plena floração”. E aponta o lugar onde se cultivava esse milho que era entre o atual Forte de São João e a Ladeira Pernambuco na então Vila de Vitória”, zona que ficou conhecida como Bairro da Capixaba”. (Mesma Revista do Instituto Histórico em o número e ano citados, pág. 48). O historiador Dr. Mário Aristides Freire, apoiado em Basilio Daemon, Jayme Seguier, Teodoro Sampaio e outros, considera certa e procedente a explicação do Prof. Elpídio Pimentel, acima referida, quando diz: “A erudita explicação da origem desse termo que o Prof. Elpidio Pimentel oferece, mostrando que deve significar “arranco a pele do mato”, leva-nos a julgá-la verdadeira e perfeitamente justificada”. (A Capixaba e os Capixabas), artigo do jornal “A Gazeta” de Vitória, em sua edição de 15 de janeiro de 1945). Também o Prof. Viriato Garcia de Medeiros no seu livro “O Tupi nos Locativos Brasileiros” (Edição de 1924 Rio), dá o termo capixaba como sendo “terreno preparado para receber a semeadura de cereais” acrescentando que no sul do País, a expressão “tem também o mesmo sentido pejorativo de baiano e paraibano, isto é, homem valente e desordeiro (!). De qualquer maneira verifica-se que em todas essas explicações existe um ponto comum e pacífico: local onde se planta ou se cultiva alguma coisa, ou lugar apropriado para plantação.
4) Caratuíra. Grava-se, também, como “Caratoíra”. Deriva de card, cara ou cabeça e tuir ou tuira, roxo ou arroxeado. Crustáceo abundante no local entre o centro urbano de Vitória e o arrabalde de Santo Antônio.
5) Guaiamum. Tem a sua origem no elemento guaiá, caranguejo e mon ou muun, preto, azulado. O m de mom ou muun é apenas eufônico. É o sítio da cidade de Vitória em cujos mangues abunda esse conhecido crustáceo.
6) Inhaguetá. Local em que, segundo a crença popular, apareciam assombrações, almas penadas e espíritos vagabundos. Encontra-se nele uma enorme pedra de coloração escura, com o nome de “Pedra-do-diabo”. Provém do termo Inhang ou Ihong que significa duende, espectro e etah sua flexão plural. É lugar de aparições e assombrações. Situa-se na estrada que contorna a ilha de Vitória.
7) Itanguá. Bairro do Município vizinho de Cariacica, nas proximidades de Vitória. Significa vale ou baixa das conchas. Deriva de Itam, concha grande, e guá ou gué, baixada.
8) Itanhenga. Local em que está atualmente localizado o Leprosário deste nome, nas proximidades de Vitória, no vizinho Município de Cariacica. Procede de Ita, pedra e nhenga, zumbido, zoada, murmúrio. Há no local um conjunto de pedras dispostas de tal modo que o vento, passando por elas produz um eco surdo ou um som estranho e esquisito. Significa pedra que canta ou que chora ou que se lamenta.
9) Jucutuquara. Era primitivamente gravada como “Jucurutuquara” que o povo simplificou para Jucutuquara. Advém de jucurutu, coruja e quara, buraco, aberta. Trata-se de um morro que domina todo o bairro desse nome onde se encontra, realmente, várias concavidades ou buracos. Dois desses buracos se destacam pelo tamanho e pelo formato, lembrando dois grandes olhos de coruja. Jucutuquara vem a ser buraco da coruja do morro.
10) Maruípe. Deriva de maruí ou maroim, corruptela de imberui que quer dizer mosquito e pé caminho. Primitivamente era um sítio infestado de mosquitos de mordedura ou picada forte e incômoda. Maruípe vem a ser, assim, “Caminho de mosquitos”. Hoje é bairro saneado e onde se localizam as Faculdades de Medicina e de Engenharia da Universidade Federal e bem assim os Hospitais de Tuberculosos e o de Câncer, recentemente construído.
Fontes para estudos: “Estudos Tupinológicos do Des. José Fortunato Ribeiro, em “Boletim do Rotary Clube de Vitória (Centro). Coleção dos anos de 1968-1969. “O Tupi na Geografia Nacional” de Teodoro Sampaio. Salvador. Bahia, 1920. “Onomástica Geral da Geografia Brasileira”, de Bernardino José de Souza, Rio. 1925 “Catecismo de Linguagem Brasileira” do Padre Antonio de Araújo. Ed. Universidade Católica. Rio. 1952. “Pequeno Dicionário Tupi-Português” de Belizário Nogueira Ed. São José. Rio. 1967. “Gramática Tupi”, de Adauto Fernandes. Ed. Coelho Branco. Rio. 1960.
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Fonte: O Estado do Espírito Santo e os Espírito-santenses - Dados, Fatos e Curiosidades (os 10 mais...) - 4° Edição (Reedição da 3ª ed. de 1971)
Autor: Eurípedes Queiroz do Valle
Compilação: Walter de Aguiar Filho, julho/2023
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