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Os Ataques dos Franceses, Ingleses e Holandeses

Mapa de 1631 mostrando a baía de Vitória em detalhes

Os ataques efetuados a Vila Velha e Vitória pelos Franceses, Ingleses e Holandeses, têm viva correlação com a história do Convento da Penha; e da tradição envolta na lenda, Benedito Calixto recolheu elementos para a sua belíssima tela, tendo como motivo o ataque dos últimos. O quadro do grande pintor faz parte da galeria histórica da Penha, embora seja anacrônico, nele figurando o atual Convento, no cimo da Montanha, quando ao tempo do segundo ataque holandês, em 1640, ainda não havia esse Convento e, sim, apenas o corpo da Igreja.

É oportuno relembrar que, até 1558, Vila Velha foi muito atacada pelos Aimorés e somente após a derrota destes, é que teve grandes dias futuros quando chegou a manter comércio vultoso com diversas partes do mundo, para depois, lamentavelmente, se eclipsar até os nossos dias.

Três anos após a vitória de Fernão de Sá sobre os Aimorés, em 1561, já os próprios índios se reuniam aos Portugueses para, a fogo e flecha, repelir os Franceses que fundeavam fora da barra, tentando, em chalupas bem equipadas, sondar a baía.

Pior aconteceu ao pirata inglês Thomas Cavendish, em 1592, quando após abandonar Santos por ele dominada e saqueada, atacou Vitória. Antes de o fazer, balouçaria nos mastros de uma de suas caravelas, o corpo do português que lhe servia de prático e que fez enforcar imediatamente, julgando tratar-se de um traidor, porque não acertava com o canal da barra.

O corsário, como todos os outros que ousaram transpor a barra sobre a qual se estende a sombra do Convento da Penha, não foi feliz. Mandou, e depois foi com sua gente, mas não conseguiram passar do Forte de São João (hoje Clube Saldanha da Gama) e dali, como do outro lado das fraldas do Penedo, partiam fogos dos defensores, ficando no campo da luta, o Capitão Roberto Morgam, imediato de Cavendish e muitos outros piratas. A derrota foi completa e decisiva.

Após o ataque dos Holandeses a S. Salvador, na Bahia, parte da esquadra atacante, sob o comando do Almirante Pieter Pieterson (Pero Peres) foi para Angola, mas, não conseguindo nada ali, voltou ao Brasil e, a 10 de março de 1625, entrou no porto de Vitória, atacou os habitantes. Feriram-se rudes combates, a 12 e 14 de marco, e, em defesa da terra, contavam-se portugueses e os índios que Salvador Corrêa de Sá e Benevides trouxera do Rio de Janeiro, em socorro à Bahia. Junto aos defensores figuravam alguns franciscanos, entre os quais Frei Manoel do Espírito Santo que, numa feliz inspiração, repicou os sinos da vitória, antes de ela consumar-se, o que animou os defensores e afugentou os agressores.

Diz Frei Vicente do Salvador que, nesse combate, os Holandeses tiveram 100 feridos e alguns mortos, dos 300 que desembarcaram e que entre os mortos figurava o Almirante Guilherme Lans.

Nesse mesmo combate, o almirante em chefe, Pieter Pieterson foi ridicularizado pelos defensores e pelos próprios comandados, porque recebeu do alto de uma trincheira, um caldeirão de água fervente que lhe atirara a intrépida Maria Ortiz, no local onde hoje existe a escadaria com esse nome, na Capital do Estado.

A 28 de outubro de 1640, os Holandeses fizeram nova tentativa, com uma esquadra de 11 caravelas comandadas pelo Almirante Koin, fundeando fora da barra e mandando até a ilha 600 homens e embarcações menores comandadas por João Delhi, sendo novamente derrotados. Ao recuarem de Vitória saltaram em Vila Velha, onde foram batidos por duas companhias comandadas por Adão Velho e Gaspar Soares, embora com inferioridade de defensores.

Os holandeses, duas vezes derrotados no Espírito Santo, ainda voltaram, em 1653, guiados por um português degenerado. Vieram, dessa vez, não para conquistar, mas, para sacrilegamente saquear o Santuário da Penha, como veremos mais adiante.

 

Fonte: O Convento da Penha, um templo histórico, tradicional e famoso 1534 a 1951
Autor: Norbertino Bahiense
Compilação: Walter de Aguiar Filho, fevereiro/2017

Convento da Penha

Esta nossa ilha do alto

Esta nossa ilha do alto

O artigo assinado por J.C. foi publicado em março de 1953 em Vida Capichaba. A narrativa e a foto é de Guilherme Santos Neves

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