Comércio de escravos no Itabapoana
Conhecer a história do Rio Itabapoana é mergulhar na sociedade escravocrata do século XIX, caracterizada pela forte projeção econômica da cultura da cana-de-açúcar e o seu beneficiamento, passando para o café e a pecuária.
O mercado escravo foi intenso na região – que compreende 18 municípios dos estados do Espírito Santo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, com a promulgação da Lei Eusébio de Queiroz (1850), que pôs fim ao tráfico negreiro no País, já que se tratava de uma importante fonte de lucro.
Há registros de que, em março de 1851, ocorreu o desembarque de 115 a 120 negros vindos da costa da África, nos portos dos rios Itabapoana e Piúma (ES).
O município de Campos dos Goytacazes (RJ), o mais importante da região, sediou uma economia canavieira que trouxe consigo um forte investimento em infra-estrutura através de estradas, de energia elétrica e da ferrovia.
A colonização da região do Itabapoana seguiu os caminhos d'água abertos pelos rios das bacias hidrográficas do Itapemirim, Itabapoana e Paraíba.
Em meados do século XIX, o porto de Limeira, situado no Rio Itabapoana, foi um marco importante no processo de colonização e formação de toda a região.
Por ele entravam os navios negreiros e escoava a produção agrícola. A dinâmica econômica da região foi intensificada com a extensão da rede ferroviária que contribuiu para melhor escoar a produção da cidade do Rio de Janeiro.
A região também recebeu muitos migrantes das províncias mineiras e fluminenses, decorrente da expansão da cultura do café da periferia do Vale do Paraíba para as imensas matas virgens e terras devolutas existentes na região do Itabapoana.
As práticas produtivas e políticas tradicionais da região, fruto do domínio de oligarquias rurais, combinado à crise da agroindústria da cana e ao baixo grau de modernização do binômio café e leite, acarretaram no baixo dinamismo econômico.
Essas características peculiares da história ainda hoje se refletem na estrutura social e econômica da Bacia do Rio Itabapoana.
ALTO ITABAPOANA
Alto do Caparaó (MG)
• Área - 115 Km²
• Principais atividades - Cafeicultura e turismo
• População - 5.372 habitantes
• Fatos marcantes - O município fica encravado no Parque Nacional do Caparaó as divisas dos estados do Espírito Santo e Minas Gerais. Em 1967, para prender oito guerrilheiros do Movimento Nacionalista Revolucionário, que ameaçava o regime militar, seis mi saldados foram enviados à Serra do Caparaó.
Caparaó (MG)
• Área - 136 km²
• Principais atividades – Agropecuária, cafeicultura e turismo
• População – 5 mil habitantes
• Fatos marcantes – O município de Caparaó está estrategicamente posicionado entre os dois portais de acesso ao Parque Nacional do Caparaó. Fauna e flora estão preservadas, além de sítios com forte vocação turística. Destaca-se, ainda, o artesanato local, a agroindústria, as manifestações folclóricas e o Grupo de Estudos Astronômicos da Serra do Caparaó
• Espera Feliz (MG)
• Área – 326 km²
• Principais atividades – Agricultura, pecuária leiteira e silvicultura
• População – 20.528 habitantes
• Fatos marcantes – A primeira população que se formou foi a de São Sebastião do Barral, em busca de terras férteis para a agricultura. Já a mineração se deu a partir do século XX. A Ferrovia The Leopoldina Railway Company Limited atingiu o local em 1910. O município recebe esse nome porque, na segunda metade do século XIX, uma comissão enviada pelo governo imperial de D. Pedro II percebeu que determinado ponto junto à margem do Rio São João favorecia a exitosas caçadas, constituindo uma “espera feliz”
Caiana (MG)
• Área – 107 km²
• Principais atividades – Cafeicultura e pecuária leiteira
• População – 4.367 habitantes
• Fatos marcantes – Na zona da mata mineira, seu nome significa em tupi-guarani “índia velha”. Seu rio, denominado São João, é um dos formadores do Rio Itabapoana.
Dores do Rio Preto (ES)
• Área – 147 km²
• Principais atividades – Cafeicultura e pecuária leiteira
• População – 6.188 habitantes
• Fatos marcantes – Inicialmente habitada por índios puris e coroados, chegaram os mineiros e fluminenses no final do século XIX. Depois vieram os italianos e portugueses. Por volta de 1910 foi construída uma igreja, tendo como padroeira Nossa Senhora das Dores, em torno da qual surgiu o Arraial de Nossa Senhora das Dores do Rio Preto. Entre 1912 e 1913 foi construída a Estrada de Ferro Leopoldina. O município também foi palco da Guerrilha do Caparaó.
Divino São Lourenço (ES)
• Área – 175 km²
• Principais atividades – Cafeicultura e pecuária leiteira
• População – 4.817 habitantes
• Fatos marcantes – Foi povoado em 1902 por imigrantes portugueses, africanos, italianos, libaneses e turcos que ali chegaram no início do século passado. O primeiro povoado foi chamado de Imbuí, que significa “Rio das Cobras”, em língua tupi-guarani. As terras pertenciam a João Vicente Soares e foram doadas à Igreja Católica para se transformarem na Vila de Imbuí. Seu nome veio do fato das terras possuírem em escritura a denominação de Divino Espírito Santo e o padroeiro da vila ser São Lourenço.
Fonte: A Gazeta – Especial – 07 de outubro de 2007
Compilação: Walter de Aguiar Filho, março/2016
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