Matança de ambas as partes no Cricaré
Diogo de Morim assumiu o comando da expedição e rumou “pera a villa donde estaua vasco fernandez mas jaa deserquado e o gentio com a nova da estroiçam das fortallezes se Recolheram a huma fortalleza em que tinhão gramde comfiança e balltezar de saa meu sobrinho com hos majs da armada a combateram entrarão e matarão os majs que nella estauão o que foi causa de pedirem pazes e se someterão a toda obediençia”, concluiu o governador geral.(44)
Dentre as perdas que os brancos tiveram a lamentar, destacam-se Bernaldo Pimenta, morto “ao entrar de uma casa”(45), e Manoel Ramalho.(46)
Foi tamanha a mortandade que fizeram entre os silvícolas que Mem de Sá pôde escrever ao monarca: “Fica [a capitania do Espírito Santo] agora muito pacífica e o seu gentio tão castigado: mortos tantos e tam principaes: / que parece que não alevantaram a cabeça tam cedo”.(47)
Maior, muito maior deve ter sido o número de escravos aprisionados, pois essa modalidade de caça era uma das mais poderosas atrações do voluntariado daqueles tempos.
NOTAS
(44) - Instrumento, 132-3.
(45) - Frei VICENTE DO SALVADOR diz Bernardo Pimentel, o velho (Hist. Brasil, 170). Tudo leva a crer que outro não era senão Bernaldo Sanches de la Pimenta, que fora provedor da Fazenda e governara a capitania durante o tempo em que Vasco Coutinho estivera ausente pela segunda vez (1550-55). Grafamos “Bernaldo” porque assim se lê no traslado da carta de sua nomeação para o cargo de provedor (DH, XXXV, 160) e em Nóbrega (Cartas, III, 81). SERAFIM LEITE adota a forma atual – Bernardo. É desse mesmo autor a observação de que Bernaldo Pimenta morreu depois de vinte de janeiro de 1558, pois nesta data paraninfou o batismo ou casamento de Sebastião de Lemos (HCJB, I, 234-5), filho de Maracaiaguaçu (PIRES, Cartas, II, 372). Daí se concluir que a expedição enviada por Mem de Sá chegou ao Espírito Santo depois dessa data.
(46) - Manoel Ramalho “possuía terras confinantes com as doadas ao Colégio de Santiago em 1552” (LEITE, Cartas, III, 82, nota 36); foot-note n.o 26 deste capítulo.
(47) - SÁ, Carta, I, 225.
Fonte: História do Estado do Espírito Santo, 3ª edição, Vitória (APEES) - Arquivo Público do Estado do Espírito Santo – Secretaria de Cultura, 2008
Autor: José Teixeira de Oliveira
Compilação: Walter Aguiar Filho, julho/2018
A obra de Kátia Bento faz-nos reviver toda a história do massacre de milhares de seres humanos, em nome da religião, da cobiça material, da superioridade étnica, da força das armas
Ver ArtigoPara impedir o contrabando de ouro era proibido navegar pelo rio Doce, por isso o progresso chegou mais tarde ao interior
Ver ArtigoA Aldeia da Conceição deu origem à atual cidade da Serra
Ver ArtigoFoi tamanha a mortandade que fizeram entre os silvícolas que Mem de Sá escreveu ao monarca...
Ver ArtigoOs trabalhos das edificações não preteriam, contudo, a obra de doutrinação
Ver Artigo