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Pe. Jorge Cardoso trata de Frei Palácios

Convento da Penha

Pe. Jorge Cardoso Natural de Lisboa (1606-1669), dedicou-se este sacerdote às biografias de seus conterrâneos eminentes em virtude, publicando de 1652 a 1666 os três volumes de sua imortal obra “Agiológio Lusitano dos Santos e varões ilustres em virtude do reino de Portugal e suas conquistas.” A exemplo de Frei Manuel da Ilha, pediu dados aos missionários de ultrama e baseou também sobre manuscritos como os de Frei Vicente do Salvador “Crônica da Custódia do Brasil” (1618) e Frei Manuel da Ilha “Relação” (1621).

O Pe. Jorge Cardoso escreveu o Agiológio Lusitana em Portugal, em meados do século XVIII, baseando sobre testemunhas do Brasil e sobre autores como, por exemplo, Frei Vicente do Salvador cuja “Crônica da Custódia” cita várias vezes. O testemunho de Cardoso é de valor particular como o dos jesuítas citados por não pertencerem à Ordem Franciscana e não defenderem a própria causa.

“O servo de Deus Frei Pedro Palácios, que de Castela passou a Portugal, e se incorporou na custódia de Arrábida, depois de servir de enfermeiro com grande aridade no hospital de Lisboa, alcançada licença do custódio Fr. Damião da Torre para ir ao Brasil ensinar a doutrina cristã. Chegado à cidade do Espírito Santo (colônia de Português naquela costa) fez na ermida de Nossa Senhora da Peña (que está em sítio eminente na boca da barra uma légua da cidade) vida solitária, e contemplativa até a morte (que foi no ano de 1570) fazendo muitos serviços a N. Senhor: vinte anos antes que passassem ao Brasil os Padres Antoninos, renovando-lhe (2 tempos) seus Prelados as licenças. E pela universal opinião de sua santidade, foi (hoje seu anexo), em cujo arquivo se guardo um público instrumento em comprovação de seus milagres. Tudo o referido (demais do livro dos Óbitos da Província da Arrábida) tomamos da breve Crônica que Frei Vicente do Salvador fez da Custódia do Brasil ano 1618. Em Coimbra no cartório do colégio da Companhia, entre as mais há uma carta do V. Pe. Anchieta do ano de 1572 (1) em que faz de Frei Pedro honrosa menção chamando-lhe: Varão Evangélico que viveu, e morreu santamente. Testemunha a faz qualificada da santidade do servo de Deus, de cujas virtudes se tratará mais largamente em seu próprio dia”. (2)

“Floresceu Frei Pedro Palácios vinte anos antes que os Capuchos Antoninos passassem ao Brasil os quais deram principio, aquela dilatada Província no ano de 1584, porque deu fim à transitória vida na sua Ermida de Nossa Senhora da Penha no ano 1575, onde se vê inda hoje sua sepultura à porta da Capela, com este epitáfio:

Sepultura do Pe. Fr. Pedro Palácios, natural de Rio Seco, em Castela, fundador desta ermida, que assim na vida como depois na morte, floresceu com mie 1575.

Desta ermida foram transladados, com grande concurso de povo, suas veneráveis relíquias, ano de 1609, obrando nestes comenos três milagres para o Convento do Espírito Santo (de que é anexo) o qual havia fundado o Custódio Pe. Frei Melchior de S. Catarina, ano de 1595, e depositadas no lustroso túmulo de pedra, que serve de altar na capela de S. Boaventura, onde resplandece cada dia com muitos, principalmente em doentes de febres como consta de um público instrumento, que se guarda em seu arquivo, segundo as memórias, que nos deixaram os padres Fr. Vicente do Salvador e Fr. Manuel da Insula (3).

 

NOTAS

1. Nestas transcrições fica patente o engano quanto ao ano da morte de Frei Palácios. Pois, a carta do Pe. Anchieta datada de 1572 já fala do ermitão franciscano falecido. Portanto, a data de 1575 gravada na lápide deve ser errada.

2. Jorge Cardoso “Agiológio Lusitano” Lisboa, 1652, Tomo I, pág. 469.

3. Ibidem tomo III Lisboa 1666 p.39s.

 

Fonte: Antologia do Convento da Penha, ano 1974
Autor: Frei Venâncio Willeke O. F. M.
Compilação: Walter de Aguiar Filho, setembro/2015

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